Título: Brasil quer ajudar Fidel a enfrentar crise de escassez de energia
Autor: Simone Cavalcanti
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/10/2004, Energia, p. A-6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ao líder cubano Fidel Castro apoio na área energética. A ilha caribenha vive uma séria crise no fornecimento elétrico, que vem afetando a economia e causando longos apagões no país.

"O presidente disse a ele que a ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, vai para a Venezuela, levando uma proposta de apoio para a área energética de Cuba", informou um assessor da Presidência da República.

Lula telefonou na tarde de terça-feira para ter notícias sobre a saúde do presidente cubano, que fraturou o joelho em uma queda na semana passada O presidente brasileiro já havia encaminhado uma mensagem na sexta-feira desejando "o pronto restabelecimento" de Fidel. Segundo um interlocutor do Palácio do Planalto, Fidel "ficou emocionado com a mensagem e disse que está se recuperando bem."

A ministra Dilma Rousseff confirmou que o Brasil poderá ajudar Cuba, esclarecendo que o pedido foi feito pelo governo daquele país, mas que o Brasil ainda não tem um projeto definitivo para o plano emergencial, apenas idéias.

"Isso deve ser definido em uma reunião que acontecerá na Venezuela com todos os ministros da área de Energia dos países do Hemisfério Sul e Caribe.

Para Dilma, é possível desenvolver um projeto para uma solução sustentável de energia. Isso porque Cuba é um grande produtor de açúcar e haveria a possibilidade de o Brasil fornecer tecnologia para a criação de usinas de biomassa usando bagaço de cana-de-açúcar.

A despeito deste plano, a ministra não vê quaisquer problemas em fornecer energia para Cuba, nos mesmos moldes que o Brasil fez com Chile, Argentina e Uruguai. "O consumo de energia de Cuba é muito pequeno", disse. "Só precisamos saber se a crise é localizada ou está na ilha toda".

Em meados deste mês, o ministro cubano da Indústria Básica, Marcos Pontal --parente de Fidel e considerado até então o ministro mais influente do governo-- foi demitido do cargo, por não ter alertado o governo sobre a falta de energia. Ele supervisionava as indústrias de energia, petróleo, níquel, cimento e medicamentos.

A crise energética foi causada pelo colapso da maior usina do país, em Matanzas, e por problemas de transmissão que reduziram o fornecimento à metade das necessidades do país.