Título: Cotação do petróleo cai e dólar fecha no menor valor da semana
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/10/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

O forte recuo nas cotações do petróleo, por conta das notícias sobre o aumento nos estoques do produto nos Estados Unidos, ajudou a derrubar a cotação da moeda norte-americana. O dólar comercial registrou queda de 0,13%, vendido a R$ 2,862. Esta é a menor cotação da moeda na semana. O recuo nos preços do petróleo aliviou o clima pessimista que nas últimas semanas vinha tomado conta do mercado.

Na Bolsa de Mercadorias de Nova York, o barril tipo WTI caiu 4,91%, fechando o dia em US$ 52,46% após a divulgação do aumento dos estoques norte-americanos. "O óleo iniciou o dia em forte queda e logo as tesourarias e os exportadores começaram a vender dólares se prevenindo de uma desvalorização maior da moeda", diz Mirian Tavares, analista da corretora AGK.

A tendência do dólar para os próximos dias continua sendo de desvalorização. "A queda do petróleo ajudou, mas os fatores que vêm sustentando a moeda nestes patamares, como uma política fiscal e monetária equilibrada, continuarão presentes", analisa Mario Paiva, da corretora Liquidez. "Mesmo que o petróleo volte a subir, o fluxo de dólar para o País deve continuar positivo e o real valorizado." Paiva acredita que o dólar deve se acomodar entre R$ 2,80 e R$ 2,95.

Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), a queda no petróleo reduziu as projeções nos contratos de longo prazo. Para os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2005, a taxa recuou de 17,86% para 17,82%, com 33,1 mil negócios. Os contratos para janeiro de 2006 caíram de 17,98% para 17,91%. Já os contratos mais líquidos, com vencimento em abril de 2005, fecharam em 17,61% ao ano, o mesmo percentual da véspera. Este vencimento movimentou R$ 15,1 bilhões em 161,9 mil negócios. O DI de dezembro, que sinaliza a projeção da Selic a ser definida pelo Copom em novembro, indicou juro de 16,89% ao ano, ante 16,85% do ajuste anterior.

No cenário externo, o Brasil viveu o segundo dia de melhora geral nos indicadores. O risco-país, medido pelo JP Morgan, recuou 4,52%, ficando em 481,25 pontos. No mês de outubro, o risco-país apresenta alta de 2,63%. No mercado de títulos, o C-Bond registrou uma valorização de 0,19%, vendido a 99,063% do valor de face.

Hoje todas as atenções estarão voltadas para a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom). As explicações do BC sobre o aumento de 0,5 ponto percentual na Selic servem como balizador para as projeções do mercado sobre os rumos da política monetária. A expectativa é de que o documento sinalize uma preocupação maior com os preços elevados do petróleo. "É muito difícil saber o que a ata pode trazer, mas acredito que o BC deve deixar claro suas preocupações com o preço do óleo no mercado internacional", diz Paiva, da Liquidez.