Título: Vale abre novos caminhos para Minas exportar
Autor: Ariverson Feltrin e Adriana Thomasi
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/08/2004, Primeira Página, p. A-1

Duas linhas férreas alimentarão navios da Docenave. O braço de transportes da Companhia Vale do Rio Doce nasceu para suportar sua movimentação de milhões de toneladas de minérios. De alguns anos para cá, no entanto, a companhia descobriu que essa força, a serviço da logística para terceiros, poderia se transformar numa formidável atividade paralela.

Em setembro, a CVRD agrega duas novas rotas ferroviárias a seu serviço multimodal. São linhas férreas ligando Uberlândia, no Triângulo Mineiro, aos portos de Vitória e Santos. A idéia é levar a produção da região diretamente aos portos para exportação, tirando-a das rodovias, mais caras, congestionadas e problemáticas. Uma das linhas abre as portas para o Mercosul, com foco em produtos siderúrgicos e autopeças, outra para a Ásia, para atender os produtores de algodão do cerrado.

O presidente da Docenave, Carlos Ebner, diz que a estratégia segue a tendência do próprio mercado. "Hoje não se fala mais em navegação só porto a porto, mas porta a porta do cliente."

O braço logístico da CVRD tem números impressionantes. Opera três ferrovias que somam 9.306 quilômetros - 32,5% da malha total do País - e que no ano passado movimentaram 116,6 bilhões de toneladas/quilômetro útil (tku), 65,2% do transporte ferroviário do Brasil. Na cabotagem, responde por 36% da carga geral, com o emprego de seus cinco navios e oito portos. No total da carga transportada no País, 16% são de sua responsabilidade.

Os produtos vão em contêineres que a Vale recolhe na casa do cliente ou recebe de caminhão e põe sobre os trilhos de duas de suas ferrovias - Estrada de Ferro Vitória Minas (no caso da cabotagem) ou Ferrovia Centro-Atlântica, FCA (Ásia) - e leva até os portos de Vila Velha (ES), de sua propriedade, ou de Santos (SP).

No caso do algodão, doze produtores filiados à Associação Mineira de Produtores de Algodão (Amipa) se encarregam de levar o produto de caminhão, em fardos, até o porto seco da Vale em Uberlândia (MG). Ali, o algodão é conteinerizado pela Vale e colocado sobre vagão-plataforma para viajar até a região de Campinas (SP) pelos trilhos da FCA, que tem direito de passagem pelas linhas da Brasil Ferrovias até o porto de Santos.