Título: Taxa de desemprego em São Paulo cai pelo quinto mês
Autor: Silmara Cossolino
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/10/2004, Nacional, p. A-4
O setor de serviços lidera o preenchimento de novas vagas, com 45 mil. A taxa de desemprego total na Região Metropolitana de São Paulo passou de 18,3% em agosto para 17,9% da População Economicamente Ativa (PEA) em setembro, segundo informações da pesquisa de emprego e desemprego realizada pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). A taxa de desemprego caiu pelo quinto mês consecutivo.
O número de desempregados diminuiu em 44 mil pessoas. Esse resultado reflete o incremento líquido de 25 mil ocupações e a saída de 19 mil pessoas no mercado de trabalho. O contingente de desempregados em setembro foi estimado em 1,792 milhão de pessoas.
O número de ocupados aumentou no setor de serviços em 46 mil pessoas. Na indústria foram criadas 13 mil vagas e no agregado dos outros setores, 11 mil, no entanto, houve uma redução de 45 mil ocupações no setor do comércio.
A renda cai
Entre julho e agosto, o rendimento médio real dos ocupados apresentou redução de 1,1%, passando a eqüivaler a R$ 1.003. Já o rendimento dos assalariados caiu 0,3%, atingindo R$1.051 no período.
Embora a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo tenha recuado pelo quinto mês consecutivo, a qualidade dos postos gerados ficou fortemente centrada nas contratações sem carteira assinada. A última vez que a taxa de desemprego ficou num patamar de 17% foi em janeiro de 2002.
De acordo com a Pesquisa de Emprego realizada pela Fundação Seade em conjunto com o Dieese, do total de assalariados do setor privado, 45 mil pessoas trabalham sem carteira assinada, um crescimento de 4% em relação ao mês anterior. "De modo geral, aconteceu um pequeno aumento no nível de ocupação, mas a maioria dos empregos gerados foi sem carteira assinada", destacou o diretor adjunto de análise socioeconômica do Seade, Sinesio Pires Ferreira.
A redução no número de desempregados em setembro se deu pela geração de 25 mil novas ocupações e pela saída de 19 mil pessoas do mercado de trabalho. O setor de serviços foi o que gerou mais ocupações no período, com 46 mil, com expansão do assalariamento sem carteira assinada. A indústria gerou 13 mil novas ocupações e outros setores 11 mil postos. No entanto, houve decréscimo de 45 mil postos em comércio.
De abril deste ano até agora a taxa de desemprego caiu 2,6 pontos percentuais. O desempenho da economia neste ano tem sido melhor do que em 2003, mas o crescimento do mercado de trabalho tem sido lento. Sinesio lembra que as expectativas eram mais positivas no começo do ano, ocasião em que os postos de trabalho foram gerados de forma mais intensa. "A expectativa é de que até o final do ano possamos ter uma queda mais expressa na taxa de desemprego. Esta queda está aquém do que esperávamos no início", afirmou.
Durante os últimos seis meses foram gerados 513 mil ocupações, em ritmo forte apenas no início. Neste período, 305 mil pessoas ingressaram na PEA.
Melhoria à vista
O diretor adjunto de análise socioeconômica do Seade, Sinesio Pires Ferreira, acredita que o comportamento do mercado de trabalho nos próximos meses tende a melhorar com o aquecimento da atividade econômica, as negociações salariais e a chegada do 13º salário. Para ele, o nível ocupacional será positivo. A expectativa é de que a taxa de desemprego total na região metropolitana de São Paulo fique abaixo de 17% da população economicamente ativa.
"A situação deverá melhorar no final do ano, com o 13º salário e uma série de outros fatores. O crescimento no número de ocupações será menos intenso do que foi no começo do ano, mas um pouco melhor em relação a este momento, disse. "É de esperar que o comércio comece a se preparar para os próximos meses".
Embora o crescimento do número de empregos não tenha acompanhado o mesmo ritmo da economia, Sinesio disse acredita que a inovação tecnológica feita por empresas no passado deve estar provocando reduções necessárias nos postos de trabalho. "A mudança no padrão tecnológico fez com que o nível da atividade econômica se distanciasse do nível ocupacional".
Para o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, a continuidade da restrição econômica induz as empresas a promover ajustes, afetando o nível de emprego e fazendo com que a retomada não ocorra no mesmo patamar. Ele considera ainda que muitos postos de trabalho na indústria não vão ser recuperados. "É preciso um longo processo de crescimento econômico para que se tenha rebatimento no mercado de trabalho. Sair de uma restrição econômica não é algo automático. É resultado de um processo contínuo e não tão rápido", disse.