Título: Pesquisa mostra custo Brasil como obstáculo
Autor: Luciana Collet
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/10/2004, Nacional, p. A-6

Uma pesquisa realizada durante o II Fórum Europeu, organizado pela Eurocâmaras quarta-feira e ontem em São Paulo, mostrou que o chamado custo Brasil é considerado por executivos brasileiros e estrangeiros como o principal obstáculo na relação comercial entre Brasil, União Européia e Estados Unidos. O item foi apontado como de maior preocupação por 54% dos empresários brasileiros e europeus com negócios no País presentes no evento.

"Vimos com surpresa esse resultado, mas entendemos que no item custo Brasil estão relacionados problemas com infra-estrutura, em especial logística, matéria-prima e falta de profissionais com a qualificação necessária", disse o presidente da Eurocâmaras, Yves Jadoul.

Além do custo Brasil, os entrevistados também apontaram preocupação com barreiras tarifárias e não-tarifárias (31%) e custo com financiamento (13%).

Já entre as medidas que mais contribuem para a relação entre Brasil e Alca ou União Européia, 61% dos entrevistados destacaram a estabilização macroeconômica. "Esse é um voto de confiança que o governo brasileiro conseguiu obter por manter a palavra dada antes da eleição, de não modificar as regras", afirmou. A atual política cambial foi apontada por 18% dos executivos, o fim dos impostos em cascata para a exportação é elogiada por 12% e outros 9% ressaltaram a abertura de linhas de crédito oficiais.

Com essa avaliação, 80% dos entrevistados indicaram que as exportações do País para a União Européia devem aumentar no ano que vem, em relação a 2004, enquanto 56% disseram acreditar que as importações européias de produtos brasileiros irão aumentar em 2005, na comparação com o total a ser registrado este ano.

Os executivos ainda opinaram sobre a expectativa de crescimento da economia do País e do cumprimento da meta de inflação. Cerca de 76% dos entrevistados afirmaram que o crescimento do PIB para 2005 deve situar-se acima de dois pontos percentuais - sendo que 20% deles indicaram que seria de mais de 4%. Por outro lado, 92% indicaram que a taxa de inflação ficará acima da meta.

Crítica aos juros elevados

Criticando a política de aumento da taxa de juros, o presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria, Edoardo Pollastri, também presente no fórum, disse que o custo do dinheiro prejudica os investimentos e freia o desenvolvimento do País. "A economia deveria estar mais solta, mesmo com risco de aumentar a taxa de inflação. A meta é muito estreita", afirmou.