Título: MME negocia financiamento do BNDES para energia nova
Autor: Luciana Collet
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/10/2004, Energia, p. A-8
Expectativa é que um pacote esteja pronto para o leilão de março. O Ministério de Minas e Energia (MME) está negociando com o BNDES a estruturação de uma linha de financiamento para os novos projetos de geração de energia. De acordo com o secretário-executivo do ministério, Maurício Tolmasquim, a expectativa é que um acordo esteja acertado antes do leilão de energia nova, que deve acontecer em março do ano que vem.
Ele explicou que um dos principais pontos de negociação é a garantia necessária para a liberação dos recursos. Segundo o secretário, há certa resistência em se considerar apenas os recebíveis, ou o contrato a ser assinado após o leilão. "Eles querem que exista uma garantia corporativa pelo menos para a construção", disse Tolmasquim ontem durante o II Fórum Europeu.
O presidente da Tractebel Energia, Maurício Bähr, apóia a iniciativa do ministério. "Novos projetos de geração precisam de financiamentos de longo prazo para entre 60% e 70% do volume total de investimentos", afirmou.
Ele também ressaltou a importância do leilão de energia existente, que deve ser realizado até o dia 10 de dezembro. "Algumas das usinas que entrarão nesse leilão ainda precisam ter seu investimento remunerado, de forma a garantir o pagamento de financiamento e retorno do capital, além de possibilitar investimentos futuros", disse Bähr. A preocupação do executivo é com a possibilidade de não haver equilíbrio na competição com as geradoras estatais, que já foram amortizadas.
A mesma preocupação foi apresentada pelas agências de risco Fitch Rating e Standard&Poor`s, que divulgaram ontem seus relatórios com uma avaliação sobre o setor elétrico nacional. Para o diretor da Fitch, Ricardo Luiz de Carvalho, o sucesso do chamado leilão de energia velha (no que diz respeito ao valor considerado justo pelas geradoras mais novas para possibilitar a remuneração necessária) poderá determinar o grau de competição do posterior leilão de energia nova. "Como os investidores potenciais nos novos projetos são os que hoje já possuem usinas no País, a propensão a investir deve ser balizada pela remuneração obtida no leilão de dezembro", explicou.
Tolmasquim afirmou que o governo não vai interferir nos preços negociados durante o leilão além do estabelecimento do preço mínimo e máximo. "Com o modelo de leilão que vamos realizar, o preço que sair deve ser o mais justo, porque vai sair ser resultado das forças de mercado", acrescentou.