Título: Seqüenciais ganham corpo como alternativa
Autor: Jaime Matos
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/10/2004, Educação Continuada, p. A-12
Modalidade surgida com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996, os cursos seqüenciais decolaram no Brasil três anos depois e, daí em diante, têm crescido geometricamente. Os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC), são eloqüentes. Em 1999 existiam no País 166 desses cursos, com 5,8 mil alunos matriculados; em 2002 ¿ últimos números disponíveis ¿ eram 551 e 41,5 mil respectivamente. Ou seja, os números iniciais multiplicaram-se por 3,3 e 7 vezes em quatro anos.
Há dois tipos de cursos seqüenciais, nos quais o candidato, ao terminar o ensino médio, pode se inscrever. De caráter profissionalizante, são semelhantes à Licen-ciatura Curta italiana, segmento que existiu no Brasil, em outros moldes e foi extinto com a LDA. O primeiro chama-se "Complementação de estudos", não precisa ter autorização do MEC para funcionar e confere apenas um certificado de conclusão ao participante. O segundo, mais procurado, é de "Formação específica". Ministrado geralmente em módulos de dois anos, essa opção destina-se a pessoas que já estão no mercado e trabalho e querem ampliar o conhecimento de seu setor de atuação ou àquelas formadas em determinada área, que desejam aprender sobre outra.
A Universidade Anhembi-Morumbi de São Paulo, 25 mil alunos no total, dá uma boa medida do crescimento do interesse pelos seqüenciais, do perfil dos candidatos e de seus objetivos. No primeiro caso, tem 3,5 mil matriculados, o que significa razoáveis 14% do corpo discente. Depois, percebe-se que é educação para adultos ¿ a média de idade é de 28 anos. Finalmente, registra que 90% dos estudantes fazem cursos ligados à atividade profissional; os demais 10% são formados que procuram disciplinas diferentes de sua especialização.
"Notamos que a média etária começa a cair daqueles 28 anos", conta a economista e doutora em Administração Cristiane Alperstedt, diretora da área de Negócios da Anhembi-Morumbi. "Isso significa que os mais jovens já têm compreensão mais clara das vantagens do curso". Quanto ao perfil dos alunos, ela acredita que a composição seja habitual para estudantes dos grandes centros urbanos. "Em regiões mais pobres, onde o poder aquisitivo é menor, é diferente; o curso seqüencial torna-se a solução possível para a pessoa alcançar o nível superior", diz .