Título: Os remédios para aliviar os problemas do ensino formal
Autor: Jaime Matos
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/10/2004, Educação Continuada, p. A-12
Tomam forma os meios contra as carências do sistema educacional. À primeira vista, o número de estudantes matriculados em cursos de graduação nas universidades brasileiras, perto de 3,9 milhões, é sonoro. Mas revela um lado escuro: apenas 9% dos brasileiros de idade entre 18 e 24 anos chegam ao ensino superior. Pior que isso, boa parte deles é servida por escolas de qualidade duvidosa.
O problema é antigo e sabe-se que não há solução miraculosa a curto prazo que democratize de fato a Universidade e que faça sair dela profissionais prontos e acabados. Afortunadamente, porém há remédios disponíveis que permitem evitar uma falência múltipla do sistema até que se encontre a cura definitiva. O conjunto desses remédios chama-se educação continuada, uma série de atividades que resolve desde a alfabetização de adultos ao aprimoramento de altos executivos.
O ensino à distância, por exemplo, atinge perto de três milhões de pessoas, metade delas nas primeiras letras. O sistema utiliza o possível, desde os meios eletrônicos ¿ a internet ou mesmo o prosaico aparelho de televisão presente em 92% dos lares nacionais ¿ às velhas apostilas enviadas pelo correio. Funciona. Exemplo maior: dois terços dos 250 mil professores de 1º e 2º graus que terão que ter diploma de curso superior até 2007 para manter os empregos estão usando-o para se preparar.
Outra alternativa que vem florescendo desde 1999, são os cursos seqüenciais, que permitem ao aluno que tenha concluído apenas o ensino médio conseguir um diploma, de cunho profissional, em dois anos. Em 2002, últimos dados disponíveis no Ministério da Educação, existem 551 desses cursos, nos quais estão matriculados 41,5 mil estudantes. Em comparação a 1999, esses números multiplicaram-se por 3,3 e 7 vezes respectivamente.
Nas empresas, nacionais ou internacionais, o ensino continuado reluz mais. É conhecida a febre, agora um tanto amainada, que se abateu sobre o Brasil, na década de 1990, da busca por cursos de MBA (Master Business Administration, ou Mestrado em Administração de Negócios). Não se conseguiu medir com exatidão, até hoje, quantos desses cursos desses existem no País.
Com os pés no chão, as empresas agora encomendam cursos a universidades, institutos, etc., para qualificar continuamente os funcionários ¿ desde estabelecer a sintonia de cada um na estratégia da empresa a treiná-los para funções específicas. Muitas companhias vão além, criando as universidades corporativas. O conceito, quase cinquentenário, foi inaugurado pela General Motors, nos Estados Unidos, em 1955. O termo "universidade" não é usado no sentido tradicional, pois tais órgãos não se dedicam, em geral, ao ensino no estilo clássico e querem resultados imediatos.
Nos Estados Unidos há mais de duas mil dessas instituições e a previsão é de que tal número dobre em 2010. No Brasil, onde o conceito chegou na década de 1990, estima-se a existência de uma centena dessas universidades.