Título: Banco Credicard começa operar 2ª- feira
Autor: Alessandra Paz
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/10/2004, Finanças & Mercados, p. B1
Chega ao fim o processo de conversão da administradora de cartões Credicard em banco múltiplo. A partir de segunda-feira o Credicard Banco S.A. passa a operar os sete milhões de cartões e cinco milhões de contas da antiga empresa. A decisão será publicada hoje no Diário Oficial da União.
Com a mudança, a maior emissora de cartões de crédito do País (com participação de 17,8% do mercado) não só amplia seu leque de produtos e serviços financeiros, mas passa a contar também com "funding" mais barato, já que poderá captar recursos diretamente no mercado local ou externo.
A iniciativa partiu de uma necessidade de sobrevivência, já que as empresas sócias do grupo - Itaú, Unibanco e Citibank - nos últimos dois anos assumiram as suas carteiras, e hoje concorrem com a própria Credicard num dos filões mais promissores da área de financiamento ao consumo.
Como administradora, a Credicard não podia, por exemplo, captar recursos diretamente no caso da aplicação da cláusula de mandato e tinha que recorrer a um empréstimo bancário. De acordo com esta cláusula, em caso de inadimplência por parte do cliente, a administradora de cartões passa a ser a credora. Para quitar a dívida junto aos lojistas, a Credicard tinha que cortar taxas e tomar recursos a preços de mercado.
Ao transformar-se banco, a Credicard poderá oferecer novos produtos financeiros como empréstimo pessoal e crédito direto ao consumidor (CDC), além de ampliar os serviços já existentes como seguros e títulos de capitalização.
O Credicard Banco continuará investindo na baixa renda, segmento da população que recebe entre R$ 300 a R$ 500 mensais, já que a penetração do meio eletrônico nas classes mais elevadas chega a 70%. Na baixa renda esse percentual cai para 22,5%.
O carro-chefe da instituição financeira continuará sendo o cartão de crédito, sem a ancoragem de uma conta-corrente. Para tanto, o grupo vai usar a estrutura que já tem dentro de casa, a Redecard (empresa responsável pela captura e transmissão de transações com cartões de crédito e débito) e a Orbital (processadora de informações comerciais). Além disso, o novo banco aposta nas parcerias com os estabelecimentos comerciais, e não exclui a hipótese de compartilhamento da rede com as instituições acionistas da empresa.
A Credicard pretende faturar neste ano R$ 18 bilhões, o que representa um crescimento de 22% sobre o valor correspondente a 2003 - quando a empresa se concentrou totalmente no seu próprio portfólio, já que deixou de administrar cartões de terceiros. Nos últimos 12 meses, 1 milhão de plásticos foram incorporados ao portfólio. Já a carteira de crédito da instituição deve crescer 18% em 2004, atingindo R$ 1,18 bilhão. As projeções têm como cenário-base uma expansão de 4% do Produto Interno Bruto (PIB).
Com a conversão da Credicard em banco, aumentam os rumores no mercado da saída do Unibanco da sociedade. É esperar para ver.