Título: Trabalho temporário poderá crescer 12,5% até o Natal
Autor: Dimalice Nunes
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/11/2004, Nacional, p. A4

Estimativa é que só 92 mil das 272 mil vagas esperadas sejam formais. Segundo estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e do Trabalho Temporário (Asserttem) a economia brasileira deve criar nos últimos três meses deste ano cerca de 272 mil vagas para trabalhadores temporários em todo o Brasil. O número é 12,5% maior que o gerado no ano passado e é reflexo do reaquecimento da economia e das boas expectativas tanto do comércio como da indústria. No entanto, apenas 92 mil se configurarão como empregos formais, com registro em carteira e seguindo a legislação para esses casos. Os demais 180 mil ficarão na informalidade.

De acordo com o presidente da Asserttem, Vander Morales, 43% dessas vagas serão criadas em São Paulo, sendo 31,52% para o comércio e 18,48% para a indústria. Para a indústria, explica Morales, o perfil é de empregados com alguma experiência. Já o comércio absorve especialmente a mão-de-obra jovens (30%), muitos deles no primeiro emprego. Dados da Asserttem mostram que 30% dos empregados temporários são efetivados. O jovem ganha um salário que vai de R$ 550 a R$ 620, em média.

A Gelre, empresa especializada em recrutamento e recursos humanos, espera que as contratações temporárias para os últimos três meses desse ano, por meio da agência, ultrapassem 20 mil, um incremento de 30% na comparação com o mesmo período de 2003. O estado de São Paulo deve responder por 60% da demanda, e 1,5 mil trabalhadores devem ficar na capital. "Grandes lojas e redes de supermercados são responsáveis pelos principais pedidos. Mas também temos um crescimento no mercado de promoções, que organiza lançamentos, festas e eventos", disse a gerente regional da Gelre, Dinamar Makiyama.

Outro nicho de vagas nesta época são os centros de distribuição. Neste caso o perfil é homens e a exigência de escolaridade cai para o primeiro grau. "Neste caso exigências de aparência, escolaridade e dicção ficam de lado", disse Dinamar. O setor de promoção de vendas também oferece vagas e, neste caso, o perfil é bastante amplo, pois varia com o produto que será promovido.

De acordo com dados da Gelre, a remuneração de um temporário varia de R$ 400 a R$ 800, dependendo do cargo. As principais funções solicitadas neste período são vendedores, auxiliares de lojas, caixas em grandes lojas de departamentos, representando 80% das contratações. O restante é voltado para promotores, demonstradores, degustadores, repositores, estoquistas e auxiliares de crédito.

O comércio já tem bons estoques para as vendas de final de ano e isso indica aumento na oferta de vagas temporárias. A afirmação é do economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo. Segundo ele, o fato de o comércio paulistano ter investido em estoque mostra a expectativa positiva para as vendas e, para isso, será necessária a contratação de mão-de-obra temporária. "A oferta de vagas está normalmente ligada à expectativa do comércio, que até agora estava em alta." Em anos bons, o comércio costuma abrir de 50 mil a 60 mil vagas temporárias.

O Sindicato dos Empregados do Comércio de São Paulo projeta que a capital gere 35 mil vagas para temporários no último trimestre desse ano. "Mas o número ainda fica muito abaixo do recorde de 80 mil registrado em 2000", disse o presidente do sindicato, Ricardo Patah. Mesmo assim, é digna de comemoração em relação a abertura de vagas de 2003, 20 mil, a pior da história. A média de efetivação de trabalhadores temporário fica entre 10% e 15%, mas Patah acredita que esse número pode chegar aos 20%.

kicker: Dados das empresas de contratação mostram que 30% são efetivados