Título: Governo será austero, diz Serra
Autor: Wallace Nunes
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/11/2004, Política, p. A8

Prefeito eleito já tem nomes para compor secretariado, mas não comentou o assunto. Austeridade. Esta será a tônica do governo municipal a partir de janeiro de 2005, segundo o prefeito eleito de São Paulo, José Serra (PSDB). O tucano pregou a união de toda a sociedade organizada para melhorar a imagem da cidade. "Com destaque para as relações prefeitura-população e prefeitura-governo estadual administraremos o orçamento da prefeitura de uma maneira melhor para atender principalmente à população mais carente." Dentro dessa diretriz, Serra reiterou que as ações administrativas deverão ser pautadas pelo planejamento e definição de prioridades.

Num recado claro aos correligionários do PT o tucano disse esperar governar o município sem a oposição do quanto pior melhor. "O PT de São Paulo deve seguir o mesmo preceito de seu partido no plano nacional, ou seja, defender as causas de interesse da sociedade independente de quem está no comando da administração", avisou.

Serra pediu para que o governo federal lhe proporcione um tratamento respeitável e defendeu que a prefeita Marta Suplicy abra seu governo para uma equipe de transição. "A transição é uma oferta que cabe à Prefeitura fazer. Se a ponte do outro não vier (da prefeita Marta Suplicy), eu mesmo farei, mas espero que ela tome a iniciativa", lembrando que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tomou a mesma atitude quando Lula foi eleito.

O prefeito eleito não falou, durante o pronunciamento ocorrido na segunda-feira, de nomes para seu secretariado, mas alguns correligionários tucanos afirmaram, em entrevista para este jornal, que Serra fará alguns convites na próxima semana a correligionários do ex-presidente FHC (1995-2002). Entre os cotados estariam os deputados federais Walter Feldmann, Alberto Goldman e Aluísio Nunes Ferreira, além do ex-ministro da Casa Civil Clóvis Carvalho, que seria uma espécie de secretário de governo municipal. Os quatro negaram já terem recebido o convite. "Ainda é muito cedo para discutir essa questão. É necessário em primeiro lugar estabelecer uma transição com o governo atual", ressaltou Alberto Goldman.

José Serra disse ter sido eleito para servir a população e não para mandar. "Serei um servidor da população da minha cidade", lembrando as maneiras que o PSDB tem de administrar, nas figuras de Mário Covas, Franco Montoro, José Richa e Fernando Henrique Cardoso.

Orçamento municipal

A questão do orçamento municipal e 2005 foi um dos temas mais discutidos após a entrevista coletiva do prefeito eleito. Serra mostrou preocupado com déficit corrente da prefeitura para o ano que vem pois, segundo ele, este ano o sinal de alerta foi acesso. "Este ano, a prefeitura tem um déficit corrente de quase R$ 1 bilhão", afirmou o prefeito eleito tucano.

A equipe de campanha de Serra já tem em mãos o Orçamento do ano que vem para analisá-lo e fazer as sugestões aos vereadores do PSDB, que se reunirão com a futura equipe de transição de Serra para definir como e quais políticas públicas do próximo governo serão encaixadas no Orçamento. A data da reunião não está definida.

Os vereadores da bancada do PSDB na Câmara Municipal estão estudando fórmulas para adequar o Orçamento enviado à Casa pela prefeita Marta Suplicy (PT) às políticas públicas que o prefeito Serra pretende adotar no primeiro ano de governo municipal.

Segundo o vereador tucano William Woo, que integra a Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara, a probabilidade mais viável é destinar os recursos de obras que Marta pretendia fazer, como os Centro Educacional Unificado (CEUs), para melhorias nas respectivas áreas. "O Orçamento enviado pela prefeita Marta prevê várias obras que não estão no plano de governo tucano. A idéia é fazer uma readequação de verbas dentro de suas áreas específicas, deixando rubricas abertas para que possam ser destinados recursos na área dessas obras. Por exemplo, em vez de gastar na construção dos CEUs, recuperaremos escolas já existentes", disse Woo. Uma segunda alternativa, mencionada pelo também vereador tucano Ricardo Montoro, é de Serra enviar, após assumir, a readequação do Orçamento enviado por Marta neste ano. Ele teria três meses, após a posse, para remodelar o Orçamento de acordo com as prioridades.