Título: BNDES financia novas linhas da VW
Autor: Ariverson Feltrin
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/11/2004, Transporte & Logística, p. A14

Recursos de longo prazo para a montadora entrar em caminhões semileves e extrapesados. Volkswagen Caminhões e Ônibus lançará nos próximos anos duas novas famílias de caminhões, os semileves, na faixa de 4/5 toneladas de peso bruto total pbt, e os extrapesados, acima de 42 toneladas de pbt. O semileve virá em 2005. O extrapesado a seguir.

Para ocupar todos os segmentos de caminhões, a empresa desde 2002 vem investindo em torno de R$ 1 bilhão. Ou mais precisamente R$ 908,1 milhões para desenvolver e montar os dois novos produtos. Um terço do valor, R$ 300,2 milhões, virá do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O custo do financiamento será equivalente à Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP, atualmente de 9,75% ao ano, acrescida de 3,5% ao ano. O dinheiro foi aprovado semana passada pelo banco. A Volkswagen terá prazo de 93 meses para pagar.

Roberto Cortes, presidente da empresa e vice-presidente mundial do negócio de veículos comerciais do grupo Volkswagen, disse a este jornal que os dois terços restantes estão sendo financiados pela própria operação brasileira. "Poderíamos até buscar recursos no mercado externo, mas preferimos o BNDES por algumas razões, uma delas é permitir uma amortização de longo prazo; outra é que temos a maioria das receitas em reais e preferimos ter despesas em reais dentro de uma política de minimizar riscos. E também porque temos operação de caminhões e ônibus só no Brasil e é aqui que desenvolvemos os produtos - no caso dos novos caminhões semileves e extrapesados vamos utilizar 150 engenheiros nossos e outros 300 externos - os 450 técnicos brasileiros".

A Volkswagen de janeiro a setembro foi a segunda na venda interna de caminhões, com 18.252 unidades, atrás da Mercedes-Benz, com 19.365 veículos, segundo a Anfavea, associação que reúne as montadoras. A Mercedes atua dos semileves aos extrapesados. Cotejados só os segmentos onde as duas marcas operam, a Volkswagen ficou com 18.252 unidades contra 17.739 caminhões da Mercedes.

A Volkswagen começou a produzir no final dos anos 70 ao comprar a Chrysler do Brasil. Em 1996 instalou a fábrica em Resende (RJ), unidade considerada referência mundial em linha de montagem por adotar o conceito de consórcio modular, onde cada um dos sete parceiros atua diretamente na montagem final dos veículos.

O know-how da Volkswagen brasileira em fábrica e veículos comerciais está sendo exportado - começou no México, onde já se fixou, e, dentro de três anos, irá para a África do Sul. "Vínhamos crescendo a uma taxa de 25% ao ano. Para manter o ritmo, precisamos exportar e é o que estamos fazendo", conclui Cortes.