Título: Alvos do delator
Autor: Tahan Lílian
Fonte: Correio Braziliense, 06/04/2011, Cidades, p. 23

A Operação Caixa de Pandora envolveu personagens de diversas esferas de poder da capital do país. No Ministério Público local, a história também reservou um capítulo inesperado. A instituição que deu voz e credibilidade a Durval Barbosa, com a delação premiada, acabou em parte abatida por seu colaborador. Líder de um grupo de combativos promotores, Leonardo Bandarra, até então cotado para se tornar ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), se tornou um dos alvos da operação deflagrada em novembro de 2009 pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Ao lado da colega Deborah Guerner, ele é acusado de concussão ¿ quando um agente público usa o cargo para obter vantagem ¿ formação de quadrilha, violação de sigilo funcional, extorsão e advocacia administrativa.

Paralelo à investigação da Caixa de Pandora, o Conselho Nacional do Ministério Público abriu, em 7 de junho de 2010, procedimento administrativo disciplinar contra Bandarra e Deborah. Por maioria, os conselheiros decidiram mantê-los no cargo. Uma semana depois, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Deborah Guerner. Lá, os agentes encontraram um bunker escondido no jardim, onde a promotora e o marido, Jorge Guerner, guardam documentos, gravações e dinheiro.

Os vídeos, feitos pelo sistema de câmeras da residência dela, mostram Jorge Guerner escondendo dinheiro em um cofre instalado no fundo falso de um armário. Bandarra também aparece nas imagens na casa de Deborah. Em novembro do ano passado, o procurador regional da República Ronaldo Albo denunciou os promotores no TRF da 1ª Região por concussão, formação de quadrilha e violação do sigilo funcional.