Título: Para defesa, faltam provas
Autor: Tahan Lílian
Fonte: Correio Braziliense, 06/04/2011, Cidades, p. 23

Advogados vão alegar que não existe materialidade para justificar a condenação administrativa dos promotores pelos conselheiros

Leonardo Bandarra e Deborah Guerner terão hoje, cada um, 15 minutos para serem mais convincentes do que a comissão processante, responsável por um relatório que os incrimina por envolvimento na Caixa de Pandora. Há, pelo menos, um ponto em comum na linha de defesa dos dois promotores apontados como comparsas num processo em que são acusados por formação de quadrilha, extorsão e corrupção. Bandarra e Deborah vão alegar que o processo carece de provas consistentes para justificar uma condenação.

Ex-procurador-geral de Justiça do DF, Bandarra será representado no Conselho pelo advogado Cezar Bitencourt. A defesa argumentará que as imagens gravadas pelo circuito interno na casa da promotora, que revelam encontros dele com Deborah Guerner, não podem ser usadas como provas de corrupção. Deborah, aliás, alega em sua defesa que as conversas de alcova captadas pelo circuito de TV são de caráter pessoal. Em entrevista ao Correio publicada na edição de ontem, a promotora disse que falava sobre aspectos de sua doença mental com Bandarra no ouvido e em voz baixa para que ¿os empregados da casa¿ não ouvissem o teor do diálogo, o qual considera ¿constrangedor¿.

Bandarra e Deborah são acusados de extorquirem o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido) em R$ 2 milhões para que não divulgassem o vídeo em que ele aparece recebendo dinheiro de Durval. Os advogados de Bandarra vão sustentar a tese de que Arruda disse em depoimentos que teria partido exclusivamente da promotora Deborah Guerner o suposto achaque e sustentar que as relações com Bandarra sempre foram ¿absolutamente corretas¿.

Deborah também tentará dissipar o foco de acusação que recai sobre ela, lançando dúvidas sobre outras relações construídas no contexto da Caixa de Pandora. Ela será defendida pelo advogado Pedro Paulo Guerra de Medeiros. Por meio da defesa, vai alegar, por exemplo, que não era a única a saber sobre a existência do vídeo de Arruda. Em entrevista ao Correio, ela afirmou que soube da gravação por intermédio de Cláudia Marques (ex-servidora do GDF com trânsito livre no alto escalão). Na versão de Deborah, Cláudia foi quem mediou um encontro entre ela e Durval. O pilar da defesa de Deborah, no entanto, será a tentativa dos advogados de preservar o cargo para que ela possa se aposentar por invalidez, sob o argumento de que ela sofre de doença mental há anos.