Título: Benefícios do vinho incentivam a produção
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Fonte: Gazeta Mercantil, 03/10/2004, Agribusiness, p. B12

A consagração do vinho, especialmente o tinto, por estudos científicos, segundo os quais, a sua ingestão freqüente faz bem à saúde e ainda livra seus consumidores da ameaça de algumas doenças graves, contribui para estimular a produção e ampliar o seu mercado. No Brasil, por exemplo, a oferta do produto de fabricação nacional cresceu 13,6% em cinco anos, segundo a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), apesar da difícil convivência com o vinho estrangeiro cujos preços são forte-mente competitivos.

A mais recente constatação científica é de que ingestão de vinho tinto pode proteger uma pessoa contra o câncer de pulmão, mas o consumo de vinho branco aumentaria a exposição à doença, declararam cientistas espanhóis.

Os pesquisadores examinaram os efeitos de diferentes tipos de vinho sobre o câncer de pulmão, a forma mais comum e mais mortal da doença. "O consumo de vinho tinto foi associado a uma pequena, mas estatisticamente relevante, redução no desenvolvimento do câncer de pulmão", afirmou o professor Juan Barros-Dios, da Universidade de Santiago de Compostela, em estudo divulgado na revista Thorax.

O vinho tinto contém tanino e resveratrol, substâncias que, segundo o cientista, explicam as propriedades anticancerígenas da bebida. O tanino age como antioxidante, inibindo a ação dos radicais livres - partículas prejudiciais às células. O resveratrol é conhecido por combater o crescimento de tumores. "Sabemos há algum tempo que um pouco de vinho tinto pode proteger as pessoas de vários males, do resfriado comum a doenças cardíacas. Essa nova pesquisa sugere que o vinho tinto, bebido com moderação, também pode proteger contra o câncer de pulmão", disse Andrew Peacock, da Sociedade Torácica da Grã-Bretanha.

Os cientistas, porém, não conseguiram explicar por que o vinho branco parecia aumentar as chances de desenvolvimento de um câncer de pulmão. "Realmente, não sabemos como explicar esse resultado", afirmou Alberto Ruano-Ravina, que trabalhou na pesquisa. Mas os cientistas ressaltaram que o risco era pequeno e que apenas 39 consumidores de vinho branco haviam sido estudados.

Os pesquisadores ressaltaram que o estudo não deveria ser usado para incentivar o consumo de vinho tinto como receita de prevenção ao câncer de pulmão. "Não recomendamos o consumo de vinho se você deseja evitar o câncer de pulmão", concluiu Ruano-Ravina.