Título: Bush pedirá que os países...
Autor: Claudia Mancini
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/11/2004, Primeira Página, p. A1

Déficit fiscal deve aumentar, com pedido de mais verbas para defesa. Há rumores de que o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, não esteja na próxima administração. Sua posição teria sido atingida especialmente pelo que ocorreu na prisão iraquiana de Abu Ghraib, onde fotografias mostraram soldados americanos maltratando detentos. Mas alguns analistas avaliam que a mudança não deve ocorrer, ao menos no início do governo.

Para Razas, as vantagens para o Brasil de um novo cenário em defesa nos EUA dependerá de como o País tratará a questão. Para ele, nessa área, o Brasil precisa de mais centros de estudos, além de criar uma relação entre política externa e tecnologia, que passa pela defesa, como fazem países desenvolvidos, e redesenhar sua força em consonância com uma postura política de "global trade".

O orçamento dos EUA para defesa no ano fiscal de 2005, iniciado em outubro, supera o do ano fiscal de 2004, que foi de cerca de US$ 400 bilhões. Mas pode crescer ainda mais, porque há indicações de que Bush pode pedir ao Congresso, no inicio de 2005, cerca de US$ 70 bilhões para as operações no Iraque e Afeganistão. Os Republicanos têm a maioria no Congresso, embora não folgada. Após os ataques de 11/set, as despesas com defesa cresceram 30%, ou US$ 100 bilhões. De acordo com Razas, há alguns anos uma força importante na área de defesa dos EUA e a de transformação, que significa, por exemplo, ter uma idéia do equipamento que se quer, como um avião invisível, e buscar fazê-lo. É diferente de tentar adaptar ou modernizar o que se tem. Transformar é muito caro, mas uma da justificativas que se usam para tocar esses projetos é que, em conflitos, se dependerá menos de soldados e pode-se ganhar mais fácil - ou seja, a guerra seria mais segura do ponto de vista do combatente.

O orçamento para defesa - sem considerar eventuais pedidos futuros - representam 20% do orçamento federal e 3,6% do PIB do país. No ano anterior, os percentuais foram de 20,2% e 3,8%, respectivamente. De acordo com o departamento de Defesa, um dos maiores gastos será com mísseis de defesa, que consumirá US$ 10 bilhões para todos os tipos de mísseis. Segundo Lee Price, diretor de Pesquisa do Economic Policy Institute, o Congresso e a próxima administração só cortarão os gastos quando o elevado déficit fiscal do país, US$ 412 bilhões no ano de 2004, for visto como um problema. Quando isso ocorrer, "a defesa estará no bloco de cortes".