Título: Bush pedirá que os países amigos tomem posições
Autor: Claudia Mancini
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/11/2004, Primeira Página, p. A1

Washington se empenhará mais em buscar alianças. Confirmada a vitória de George W. Bush como presidente dos Estados Unidos por mais quatro anos, uma das expectativas é de que na área de defesa o país tenha uma postura menos isolacionista, e que por isso poderá chamar mais outros países, como o Brasil, a explicitar posições.

Alguns acham que a próxima administração tenderá a ser mais moderada na área de defesa. Para outros, a linha poderá ser mais dura. Essa divisão reflete, em certa medida, o que foi visto na eleição desta semana.

"O que deve acontecer é o uso das duas políticas, mas Washington vai escolher qual aplicará em cada região", diz Salvador Ghelfi Razas, professor do Centro para Estudos Hemisféricos de Defesa, ligado à Universidade Nacional de Defesa dos EUA. De acordo com Razas, há uma pressão dos que se sentem ainda vulneráveis, ameaçados pelo terrorismo, e querem uma continuidade do combate a essas ameaças. Segundo o professor, ser mais agressivo não significa ser mais violento. "Significa um engajamento maior dos EUA nos foros internacionais para se engajarem na luta do país para a segurança global", diz.

"Nessa linha, os EUA poderão usar sua capacidade de influência para que outros países se alinhem ao seu esforço, sendo mais explícito em suas posturas", afirma o professor brasileiro. A linguagem ficaria mais dura, mas dentro do jargão diplomático, com forte atuação dos agentes ligados ao governo. "Não quer dizer mais guerras."

A linha moderada, mais próxima do que se veria com John Kerry, parece uma possibilidade, porque na campanha eleitoral se viu que uma parte da população quer um governo ativo em segurança, mas que use a força só em último caso, afirma Razas. Assim, os EUA vão tentar fazer alianças para ações que têm interesse, mas não se colocando como o líder. Nesse cenário, o governo daria mais recursos em fundações e instituições acadêmicas, por exemplo, para estudos de defesa.