Título: Estímulo aos negócios com Japão
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/11/2004, Nacional, p. A4

Presidente Lula faz visita ao país oriental em abril do próximo ano. O Brasil quer transformar o Japão no principal foco do comércio exterior em 2005 e, com isso, retomar o alto nível de negócios e investimentos que os dois países tiveram no passado. "Vamos colocar muitos recursos humanos e financeiros na promoção bilateral", disse o diretor-geral do Departamento de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Mario Vilalva. Os 22 países árabes também estão na mira para o próximo ano. O Itamaraty trará, em maio, administradores de capitais do bloco árabe no mercado internacional para conhecer as potencialidades do Brasil.

A retomada das relações com o Japão começou este ano, com a visita do primeiro-ministro Junichiro Koizumi ao Brasil, em setembro. E será estreitada em abril, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pisará em solo nipônico. O objetivo é atingir, pelo menos, os níveis de negócios de 1997, quando o Japão foi o quarto maior importador do Brasil e o comércio entre os dois países somava US$ 6,6 bilhões. Hoje, os negócios caíram para US$ 4,8 bilhões, com os japoneses figurando em sétimo lugar entre os que mais importam do Brasil.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, em 2003 o Brasil exportou US$ 2,3 bilhões para o Japão e importou US$ 2,5 bilhões do país. Na soma dos fluxos de investimentos no período de 2001 a 2004, o Japão está em oitavo lugar, totalizando US$ 2,7 bilhões.

As realidades econômicas do dois países são favoráveis a uma retomada dos negócios. O Brasil deve apresentar um crescimento do PIB em torno de 4% este ano e, do outro lado do mundo, o Japão começa a superar a fase de estagnação e deflação da última década. A proposta em pauta é reativar todo tipo de negócio, desde a exportação de mangas e álcool até os produtos industrializados, passando também pela volta da entrada da carne brasileira no Japão. E dos investimentos diretos, é claro.

Os países árabes também receberão atenção especial. "O presidente Lula já fez uma visita a cinco deles, em dezembro de 2003, o que foi muito produtivo do ponto de vista comercial", disse Vilalva. Os números do comércio do Brasil com os 22 países árabes já superaram, no período de janeiro a setembro de 2004, os valores registrados em todo ao ano passado.

Comércio com os árabes

Até setembro, as exportações brasileiras renderam US$ 3,01 bilhões, contra US$ 2,76 bilhões em 2003 inteiro; já as importações somaram US$ 2,83 bilhões, ante US$ 2,71 bilhões. A corrente de comércio (exportações mais importações) até agora foi de US$ 5,843 bilhões ¿ valor recorde na história do comércio entre brasileiros e árabes.

Segundo Vilalva, o Brasil quer deixar de ter com o bloco uma relação "espasmódica", acionada somente quando é necessário fazer um saldo na balança comercial. "Vamos fazer do mundo árabe um novo eixo para a política externa brasileira", diz o embaixador. Um passo importante será dado em maio, durante a realização da Cúpula América do Sul-países árabes, que acontecerá em Brasília. Além de chefes de Estado, estarão presentes administradores de capitais árabes no exterior. "A tônica será em torno de investimentos, porque os árabes possuem uma grande tradição nesta área e queremos que a América do Sul seja uma alternativa de destino para esta poupança", diz Vilalva.

Ainda entre as metas para 2005, o embaixador destaca o aprofundamento das relações comerciais com a América do Sul.