Título: Embaixador americano diz que negociação da Alca será acelerada
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/11/2004, Internacional, p. A10

O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, John Danilovich, afirmou ontem que as negociações para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) deverão ser retomadas ainda este ano. "O processo será acelerado", disse. A afirmação foi feita após as primeiras notícias da manhã, que davam vitória ao presidente George W. Bush nas eleições. Danilovich ressaltou que será pouco realista e "humanamente impossível" tentar cumprir o prazo de formatar a Alca até janeiro de 2005, mas destacou que Bush vê o livre comércio como um combustível para a economia mundial e que o tema é um dos alicerces das políticas tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos.

Segundo o embaixador, ainda não há detalhes sobre como as discussões serão retomadas e nem certeza de que o atual representante de comércio dos EUA, Robert Zoellick, seja mantido no cargo. "Não posso imaginar nenhum representante do livre comércio melhor que Bob. Ele é duro nas negociações, mas é a natureza de seu trabalho", comentou. Ele acrescentou que espera que tanto Zoellick quanto o secretário de Estado americano, Colin Powell, permaneçam nas atuais posições. "Por enquanto todos estão apenas especulando", disse.

O embaixador fez fartos elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à equipe econômica, e confirmou que os EUA continuarão apoiando o Brasil em sua atuação na América do Sul. Danilovich disse que o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, tem feito um trabalho excepcional, reconhecido no mundo inteiro. "A validação da política brasileira tem sido constante", ressaltou. Essa política, segundo ele, conta com o apoio tanto dos EUA quanto da União Européia. Danilovich acrescentou que a segunda gestão de Bush irá reforçar o apoio ao Brasil, país que considera "força estabilizadora" na região. Ele destacou o trabalho liderado pelo Brasil no Haiti e reconheceu o esforço que o país tem feito para assumir um papel vital e de liderança no mundo.

O embaixador admitiu que a América do Sul - e por conseqüência o Brasil - não foi um tema na campanha de nenhum dos candidatos. E justificou-se: "Não foi mencionada porque não é um problema", explicou. Segundo Danilovich, normalmente as campanhas são centradas em crises e não falam das coisas boas, que vão bem. "E o Brasil vai bem", disse.

Para Danilovich, a vitória de Bush é um sinal de apoio da maioria dos americanos às políticas interna e externa do atual governo. "A eleição mostrou que a população aprovou a performance de Bush nos últimos quatro anos e, por isso, deu a ele outro mandato", afirmou. Na visão do embaixador, o segundo governo dará continuidade à agenda de proteção dos EUA contra o terrorismo. Danilovich comparou o combate ao terror às guerras contra o nazismo e contra o comunismo.

"Os EUA, para sua sobrevivência, têm uma agenda bem definida no que se refere à democracia, à liberdade e à justiça. É a mesma agenda que derrotou o nazismo e o comunismo nos últimos anos.

Pessoalmente, o embaixador disse estar muito satisfeito por poder continuar no Brasil.