Título: Ganho da Gerdau sobe 212,8% no ano
Autor: Iolanda Nascimento
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/11/2004, Indústria & Serviço, p. A11

Grupo obtém lucro de R$ 2,4 bilhões e faturamento de R$ 17,5 bilhões até setembro. O reaquecimento da economia brasileira, os resultados positivos das suas operações no exterior e a alta dos preços dos produtos siderúrgicos no mercado internacional foram os principais fatores apontados pelo Grupo Gerdau para o crescimento do seu faturamento e lucro líquido consolidados durante os primeiros nove meses do ano e no terceiro trimestre. Entre janeiro e setembro, o grupo obteve lucro líquido de R$ 2,486 bilhões, valor 212,8% superior aos R$ 794,6 milhões de igual período de 2003.

Somente no terceiro trimestre, o lucro líquido foi de R$ 1,18 bilhão, quase cinco vezes maior ante os R$ 246 milhões da mesma fase do ano passado. No acumulado de 2004, a empresa faturou R$ 17,5 bilhões, 51,2% a mais do que nos primeiros nove meses do ano anterior, de R$ 11,6 bilhões. Já no terceiro trimestre, o faturamento foi de R$ 6,2 bilhões, em torno de 50% superior aos R$ 4,1 bilhões de igual período de 2003.

O vice-presidente executivo de finanças e diretor de relações com investidores do Grupo Gerdau, Osvaldo Schirmer, disse que os negócios externos da companhia representaram em torno de 36% do lucro e as operações brasileiras cerca de 63%. "O preço internacional do aço foi a grande mola propulsora desse resultado. No entanto, as operações na América do Norte, que recém compradas haviam dado prejuízo em 2003, este ano foram recuperadas e passaram a ser lucrativas. No lucro do ano passado a contribuição do exterior foi zero."

A Gerdau Ameristeel Corporation, que engloba as operações do grupo na América do Norte, teve receita líquida 67% superior, atingindo R$ 6,8 bilhões no acumulado do ano. Já o lucro líquido no período foi de R$ 775 milhões ante o prejuízo de R$ 57 milhões verificados entre janeiro e setembro de 2003.

As exportações a partir do Brasil e as vendas no exterior tiveram maior peso na composição da receita. "61% do faturamento foi gerado em moeda forte", afirmou Schirmer. A receita com as vendas externas cresceram 31,8% e somaram US$ 752 milhões, especialmente, em decorrência do aumento de 62% nos preços internacionais do aço. Entretanto, o volume exportado pelas siderúrgicas brasileiras do grupo foi reduzido para 1,9 milhão de toneladas no acumulado deste ano, 17,7% inferior em relação ao mesmo período de 2003.

O vice-presidente sênior do grupo, Frederico Gerdau Johannpeter, disse que as exportações foram reduzidas para atender o mercado interno, que consumiu 3 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos da companhia entre janeiro e setembro, volume 21,6% superior na comparação com o mesmo intervalo de 2003. O aumento foi puxado, principalmente, pela maior demanda da indústria e "por um maior vigor" no setor de construção civil, observou Schirmer. No mercado interno, os preços do aço aumentaram em torno de 20%, disse o executivo, que espera estabilidade em âmbito global para este final de ano.

O volume comercializado consolidado cresceu 4,8% na mesma base de comparação, alcançando 9,4 milhões de toneladas. Neste ano, a empresa vendeu 4 milhões de toneladas na América do Norte, 6% a mais ante as 3,8 milhões de toneladas dos primeiros nove meses de 2003. As operações do grupo na Argentina, Chile e Uruguai totalizaram vendas de 377 mil toneladas, volume 22,5% superior.

A produção consolidada de placas, blocos e tarugos cresceu 8,8% no acumulado do ano, em relação a igual período de 2003, atingindo 10 milhões de toneladas. A produção de laminados aumentou em 1 milhão de toneladas nos mesmos intervalos, alcançando, 7,7 milhões de toneladas.

De acordo com Johannpeter, com as operações no Cone Sul e na América do Norte, incluindo a compra recente das quatro usinas da North Star Steel nos Estados Unidos pela Gerdal Ameristeel, o grupo saiu "da lista dos compradores de siderúrgicas". "Somos consolidadores." Ele afirmou que a empresa estuda novas aquisições para consolidar a sua posição no Meio-Oeste dos Estados Unidos e avalia também a construção de uma aciaria na Argentina