Título: Pesquisa do Banco Central indica Selic em 17,5% até dezembro
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/11/2004, Finanças & Mercados, p. B1

Apesar do aperto na política monetária, a expectativa do setor financeiro apresentou nova piora. Segundo pesquisa de mercado divulgada ontem pelo Banco Central (BC), as projeções indicam aumento da inflação e também da taxa Selic, com dois ajustes adicionais neste ano. A estimativa para o crescimento da economia, assim como a projeção para a taxa de câmbio foram mantidas.

Os analistas ouvidos pelo BC prevêem que a Selic feche 2004 em 17,5% ao ano, um aumento de 0,25 ponto percentual sobre a previsão feita na semana anterior. A trajetória de alta da taxa começou em setembro, quando o juro primário subiu de 16% para 16,25% ao ano, e se intensificou em outubro, elevado a 16,75%.

Segundo analistas, um dos motivos para a previsão de aumento da Selic foi o tom pessimista da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Além disso, há o temor de que os aumentos contínuos nas cotações do petróleo force a Petrobras a reajustar pesadamente os preços internos, com impacto inflacionário.

As estimativas dos analistas para a inflação deste ano e de 2005 apresentaram ligeira piora, mesmo com o aperto dos juros. Para o IPCA, os analistas ouvidos elevaram a previsão de uma inflação de 7,18% este ano para 7,20%. Para 2005, o IPCA subiria de 5,89% para 5,90%. Nos dois casos, a margem de tolerância é de 2,5 pontos percentuais.

Outro ponto considerado negativo na pesquisa do BC foi o fato de que, pelos números apresentados, o mercado aposte em um maior peso dos preços livres na inflação de 2005, em comparação com os administrados. No levantamento do BC, apesar do aumento nas projeções de inflação, houve queda na estimativa de ajuste dos preços administrados, que recuou de 7,20% para 7,15%. "Na prática, isto mostra que a inflação em 2005 pode estar mais ligada aos preços livres, mais difíceis de ser contidos e que, por isto, podem forçar a uma taxa Selic elevada", analisa Vladimir Caramaschi, economista-chefe da Fator Corretora.

A projeção de crescimento do PIB para este ano e também para 2005 foi mantida em 4,56% e 3,5%, respectivamente. No mercado de câmbio, a expectativa é de que o dólar feche 2004 em R$ 2,95, mesma cotação do boletim anterior