Título: Dólar registra a maior queda percentual em três meses
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/11/2004, Finanças & Mercados, p. B1
Com fluxo positivo, a moeda recua 0,87% e fecha cotada a R$ 2,829. O dólar comercial fechou ontem em queda de 0,87%, o maior recuo percentual em três meses. Ao final do dia, a moeda norte-americana era vendida a R$ 2,829. O fluxo positivo, graças principalmente ao bom desempenho das exportações, foi apontado como determinante na apreciação do real frente ao dólar. Além disso, a reeleição de George Bush, sem questionamentos judiciais como ocorreu na eleição passada, foi bem acolhida pelos mercados financeiros.
O fluxo positivo de dólares para o País, apontado já há algum tempo como fator responsável pela valorização do real, deve continuar forçando a queda da moeda norte-americana. "Além das captações do setor privado, as exportações recordes têm sido determinantes para o ingresso de dólares no País", explica Mario Paiva, analista da corretora Liquidez. Em outubro, a balança comercial apresentou um superávit de US$ 3 bilhões. No ano, já acumula um saldo positivo de US$ 28 bilhões.
"Hoje não há fatores que possam estimular a compra de dólares, como procura por hedge ou mesmo um temor de que o País não pague sua dívida, o que deve manter a tendência de desvalorização da moeda", diz Paiva. Segundo dados do Banco Central, o fluxo cambial foi positivo em outubro (em US$ 672 milhões), depois de cinco meses no vermelho.
Segundo analistas, o vencimento de uma dívida atrelada ao câmbio de US$ 656 milhões no dia 10 pode exercer alguma pressão momentânea sobre o dólar. Os credores costumam forçar uma alta na moeda na tentativa de garantir uma taxa melhor para o resgate dos papéis. A média oficial do dólar (Ptax) da véspera do vencimento é usada pelo BC para corrigir o preço dos papéis. A instituição já avisou que vai resgatar os títulos como parte da estratégia para reduzir a exposição da dívida pública ao câmbio. "É provável que ocorra alguma pressão para forçar uma alta na cotação, mas o resultado deve ser pequeno", prevê Mario Battistel, analista da corretora Novação.
No mercado de juros futuros, além da reeleição de Bush, a nova alta do preço do petróleo e a divulgação da pesquisa de mercado do BC - com piora nas expectativas de inflação - guiaram os negócios. Os juros no curto prazo encerraram em alta e os de longo prazo recuaram. "A nova alta no petróleo afeta as projeções de inflação e força a uma elevação nos juros futuros, principalmente os de mais curto prazo", diz Carlos Cintra, gerente de renda fixa do Banco Prosper.
Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o contrato de Depósito Interfinanceiro de dezembro, que projeta a Selic de novembro, fechou em 16,96% ao ano, ante 16,93% do ajuste anterior. Os contratos de abril, os mais líquidos, com um giro financeiro de R$ 8,7 bilhões, projetaram taxa de 17,68%, contra 17,71% da segunda-feira. Os contratos de janeiro subiram pouco, de 17,22% ao ano para 17,24%.
No cenário externo, o principal título da dívida do País, o C-Bond, não oscilou, sendo vendido a 99,875% do valor de face.