Título: UE fixa limites para microtoxinas no café
Autor: Alexandre Inacio
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/11/2004, Agribusiness, p. B12

A Comissão Européia elaborou uma norma restritiva sobre a importação de café devido à ocratoxina, um fungo que se reproduz com maior facilidade no armazenamento do grão. Com os novos limites, só poderão ser exportados lotes de café que possuam até cinco microgramas por quilo para os grãos de café torrado e moído, e de dez microgramas por quilo para o café solúvel.

A medida fez com que países da América Latina e da Ásia manifestassem ontem sua preocupação na Organização Mundial do Comércio (OMC). Os limites poderiam representar uma barreira fitossanitária capaz de interferir nas exportações de café de alguns países produtores e exportadores.

Aparentemente desfavorável ao Brasil, a medida não deve provocar muitos impactos para os exportadores de café, segundo Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). "Estudos feitos no Brasil já constataram a inexistência ou mesmo uma presença desprezível desse produto".

O desenvolvimento da microtoxina acontece em ambientes de grande umidade, principalmente em armazéns em que o café fica exposto a condições deficientes de estocagem. "O nível de tolerância imposto pela Comissão Européia está acima dos embarques feitos pelo Brasil", afirma Herszkowicz.

Apesar de a medida não ser aplicada às exportações de café verde, os exportadores podem passar a serem pressionados pelos compradores. "As indústrias provavelmente irão aumentar suas exigências para importar nosso café", afirma Guilherme Braga, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), lembrando que isso pode ser um ponto positivo para o Brasil.

Entre os países que demonstraram sua preocupação na OMC por essa medida estão Brasil, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Cuba, República Dominicana, Costa Rica, Guatemala, Nicarágua, El Salvador, Índia e Papua Nova Guiné.