Título: Vale abre novos caminhos para...
Autor: Ariverson Feltrin e Adriana Thomasi
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/08/2004, Transportes & Logica, p. A-14

"Essa solução multimodal será vantajosa para nós que exportamos o algodão posto no porto", diz Norberto Abreu, vice-presidente da Amipa. Ele garante que a logística por ferrovia reduzirá o custo de frete em si, o prêmio de seguro e as avarias. "Mandávamos em fardos em carretas abertas e o produto ficava exposto às intempéries. Por trem, além de protegido por estar dentro de contêiner, o algodão fica menos exposto à ação das quadrilhas de assaltantes, atraídas pela liquidez e preço do produto, agora cotado a R$ 51 a arroba". As facilidades da nova logística animam os produtores mineiros. "Estamos prevendo uma colheita neste ano de 42 mil toneladas de algodão em pluma, 5,6 mil toneladas para exportação, volume ainda pequeno por causa da dificuldade que tínhamos para o escoamento. Para 2005, porém, prevemos 65 mil toneladas, boa parte para o mercado externo, usando já o porto da Vale, em Vitória e não mais Santos. Aí o serviço é completo: a Vale, além de fornecer o contêiner, opera sua ferrovia e seu porto", diz Abreu.

À la carte

A Vale passou usar sua grande estrutura logística para apoiar soluções "à la carte". Tem buscado conectar suas ferrovias, portos e navios a serviço da multimodalidade. A empresa opera dois serviços, um na cabotagem - entre Fortaleza e Buenos Aires, com escalas em Recife, Salvador, Vitória, Rio de Janeiro, Santos, São Francisco do Sul e Rio Grande. Opera ainda com serviço de Feeder, alimentando navios de longo curso a partir de Salvador, Vitória, Rio e Santos. Carlos Ebner, presidente da Docenave, diz que a Vale procura operar com unidades próprias de captação e vendas.

Outra ação dentro dessa estratégia é o serviço que será operado, também a partir de setembro, ligando a região de Belo Horizonte ao Mercosul por trem e cabotagem como alternativa à única rota atual, por rodovia.

Serviço melhorado

Na opinião do executivo, cabotagem e ferrovia conjugadas melhoram o serviço logístico. A CVRD - além de responder por 16% da movimentação de cargas do País - opera 65% da carga portuária de granéis sólidos e em torno de 39% no comércio exterior nacional. A taxa anual de crescimento no transporte de cargas de terceiros fica em torno de 10%, numa estrutura que envolve onze armazéns/silos para grãos e fertilizantes, com capacidade de 418 mil toneladas, e três armazéns cobertos para carga geral, totalizando 22.200 metros quadrados para atender clientes de vários segmentos. Em 2003, a Vale movimentou 26,5 milhões de toneladas de cargas para terceiros, aumento de 35% sobre o ano anterior. Ebner credita o aumento à reestruturação nos negócios de navegação costeira, ano passado, em conexão com o trem expresso. O total, somados o serviço para terceiros e o transporte próprio, supera 200 milhões de toneladas por ano, estima Ebner. A companhia tem cerca de 300 grandes clientes em carteira, com atuação forte nas cargas de exportação.