Título: Teles avançam e a Embratel perde terreno no DDD e DDI
Autor: Thaís Costa
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/08/2004, Telecomunicaçãoes & Informática, p. A-15

A evolução das receitas mostra que essa tendência é irreversível. Com a entrada das operadoras telefônicas fixas no mercado de longa distância nacional e internacional, a Embratel começou a perder parte do bolo. Até 2002, a operadora foi líder absoluta e monopolista das chamadas interurbanas e internacionais. Só a partir do cumprimento das metas de universalização, as teles conquistaram o direito de explorar os mercados de longa distância, e a Embratel começou a perder competitividade diante das taxas de interconexão pagas às empresas com as quais tem de competir, bem como com a falta de acesso direto ao cliente, por meio das contas.

A evolução das receitas nos últimos dois anos mostra que a tendência é irreversível. Na comparação entre os segundos trimestres de 2003 e 2004, por exemplo, a Telemar registrou receita de R$ 721 milhões no segundo trimestre deste ano, comparativamente a R$ 520 milhões do mesmo período do ano passado, expandindo sua participação no mercado total em quase cinco pontos porcentuais, de 16,7% para 21,2%. A Telefônica registrou valores muito próximos ¿ de R$ 513 milhões para R$ 717 milhões ¿, o que representa expansão da fatia de 16,5% para 21,1%.

Enquanto isso, a Embratel assistiu à sua parcela de mercado encolher de R$ 1.717 milhão para R$ 1.540 milhão, na mesma comparação. Embora continue com a maior receita do setor, teve sua fatia nacional reduzida de 55,3% para 45,3% no período de um ano.

A Brasil Telecom, que recebeu autorização para explorar a longa distância nacional e internacional só neste ano, por ter cumprido suas metas de universalização com atraso em relação a suas congêneres, passou de R$ 357 milhões para R$ 419 milhões, numa evolução de 11,5% para 12,3% do total.

Os dados, que foram extraídos dos resultados trimestrais publicados pelas empresas, mostram que "a concorrência entre as teles fixas é praticamente inexistente e ocorre apenas com relação à Embratel e Intelig", afirmou Eduardo Tude, diretor da Teleco, site especializado em telecomunicações. "Nota-se que nenhuma empresa avança em áreas alheias para disputar as chamadas interurbanas e internacionais dos clientes residenciais", continuou o especialista. "É bem mais tranqüilo para as companhias atrair os clientes de sua base do que invadir os outros estados para vender o serviço".

Em volume de minutos, a Telemar conquistou a liderança no primeiro semestre do ano, atingindo 26,6% de penetração, seguida pela Telefônica, com 24,1%, pela Brasil Telecom, com 21,5% e pela Embratel, com 21%, conforme dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

O resultado é devido, segundo o diretor de longa distância da Telemar, Jorge Braga, à divisão da clientela em grupos, segundo o perfil do usuário, que auxilia na oferta da melhor proposta. Além disso, ele se referiu à utilização das contas mensais como veículo de mensagens sobre promoções, economizando em mídia e indo direto ao interessado. "Temos quase 4 milhões de contas customizadas", informou. A evolução da fatia levou a Telemar a reconhecer que a longa distância correspondente a 18% de sua receita e cresce mais velozmente que os outros itens da receita da empresa.

O fato de a Embratel ter sido recentemente comprada pelo grupo mexicano Telmex não deve alterar sua tendência de retração, segundo Braga. Ele criticou a dissonância entre o discurso da companhia e sua prática. "No México, o grupo mantém as tarifas lá no alto."

O diretor de negócios de longa distância da Telefônica, Luis Fernando Godoy, disse que o dado da Anatel sobre minutos é muito genérico e que a Telefônica já possui 1,5 milhão de clientes cadastrados em planos alternativos.

A GVT, que atua na mesma área da Brasil Telecom, vai acrescentar agora R$ 4 milhões à verba de veiculação de sua marca, que em março havia consumido R$ 15 milhões, segundo Sidney Zamel, gerente de marketing de longa distância. A operadora detém 1,5% do mercado e tem por meta atingir 4% ainda neste ano.