Título: Chuvas vão afetar a renda dos produtores
Autor: Karlon Aredes
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/08/2004, Agribunisess, p. B-12

As inesperadas chuvas no Sul de Minas Gerais em pleno inverno devem prejudicar a qualidade do café da região, a maior produtora do País, e afetar as vendas externas do produto. A avaliação é de Rodrigo Pontes, da Comissão do Café da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais. Para ele, o Brasil, responsável por 40% da produção mundial, corre o risco de perder espaço neste ano no mercado internacional para o Vietnã e a Colômbia. "A receita dos produtores também está ameaçada, embora não dê ainda para fazer uma avaliação mais precisa de quanto a lavoura cafeeira poderá perder".

Ao analisar os números do terceiro levantamento deste ano realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a safra de café 2004/2005, que está em plena fase de colheita, Pontes disse que a colheita prevista de 38,2 milhões de sacas beneficiadas no Brasil, apesar de 32,8% maior que a safra 2003/2004, é menor do que a colhida há dois anos, que foi de 48 milhões de saca. "O café é um produto bianual, por isso, a comparação com dois anos atrás dá maior dimensão do comportamento da produção", disse.

Segundo Pontes, o produtor está reduzindo o plantio porque a remuneração está bem menor neste ano, tendo em vista que os preços não estão acompanhado as sucessivas altas de insumos como fertilizantes e defensivos. O representante da Faemg disse que a baixa qualidade prevista para alguns cafés do Sul de Minas e Zona da Mata mineira pode fazer com que o produtor compre o produto de mais qualidade para revender no lugar do seu. É que pelos contratos de venda antecipada, ele garante a qualidade mesmo antes da colheita e, caso seu café não atinja o padrão previsto, compra de terceiros para não perder os contratos.

O levantamento da Conab indica que Minas Gerais, principal produtor brasileiro, deverá colher 18,66 milhões de sacas na safra 2004/05, 54,9% mais do que a safra passada, quando o volume atingiu 12,05 milhões. A região Sul do estado deve colher 10 milhões, 86% a mais, e a Zona da Mata, juntamente com Jequitinhonha e região Norte, deverá colher 5,2 milhões, 35,6% mais que na última safra. As regiões do Triângulo Mineiro e Noroeste terão uma produção 21%, chegando a 3,4 milhões de sacas.

"A chuva afetou mais as regiões Sul e Zona da Mata, as principais produtoras do Estado. Apesar de todo o esforço feito para que o País recupere as vendas, o que vem ocorrendo nos últimos três anos, o fator tempo é imprevisível. Lamentavelmente, a qualidade deste ano ficará comprometida", disse Pontes.