Título: Dilma segura as nomeações
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 07/04/2011, Política, p. 6

Diante das insatisfações na base governista e da perspectiva de derrota de projetos de interesse do governo no Congresso, o Planalto recomendou a ministros e presidentes de estatais que passem a ter atenção maior aos parlamentares, segurou nomeações de agências reguladoras e se mostra disposto a ampliar o prazo de cancelamento das emendas dos políticos inscritas como restos a pagar.

A ordem de mais atenção ao Legislativo levou, pela primeira vez, um presidente a Caixa Econômica Federal (CEF) com menos de 15 dias no cargo a almoçar com líderes da base governista. ¿Começa aqui uma relação entre a CEF e o Congresso¿, anunciou o líder do governo, Cândido Vaccarezza, no papel de coanfitrião na casa do líder do PR, deputado Lincoln Portella.

Jorge Hereda, o novo presidente da Caixa, tomou posse na semana passada. Ontem, ouviu uma centena de reclamações, especialmente no que se refere às medições de obras, muito fragmentadas. Hoje, no caso das habitações populares, há uma verificação, o processo volta para a CEF e termina nas mãos de outro engenheiro, que pede novas verificações. Hereda prometeu rever o que for possível na burocracia que atrasa a conclusão das obras financiadas pela instituição e criar uma sala na sede da CEF apenas para receber os políticos. O encontro reuniu 21 deputados e foi o primeiro de uma série que o líder do governo pretende promover com ministros e presidentes de estatais para quebrar o gelo e reaproximar o governo do Congresso. Além disso, foi avisado ao PMDB que a presidente Dilma Rousseff ainda não tem uma definição sobre os diretores da Agência Nacional do Petróleo e Gás (ANP).

Na última segunda-feira, o PCdoB chegou a divulgar como certo o envio de duas indicações ao Congresso Nacional ¿ Helder Queiroz, ligado a Graça Forster, diretora da Petrobras; e Florival Carvalho, do PCdoB, que já foi superintendente da agência. Até ontem, as nomeações não tinham sido enviadas e a expectativa é de que fique mesmo para depois da viagem de Dilma à China, na semana que vem.

Aos partidos já foi dito que Dilma é a senhora do tempo e não aceitará pressões nem antecipação de indicações. Só tomará a decisão quando estiver convencida de que o indicado é o melhor perfil para o cargo. Ela avalia que, nos cargos de segundo escalão, não há uma data para a posse, ao contrário do que ocorreu com os ministros, que precisavam tomar posse em 1º de janeiro.

Prorrogação No que se refere a emendas de deputados e senadores, a intenção do Executivo é seguir a sugestão do líder do governo, Romero Jucá: prorrogar o prazo de execução das emendas de 2009 e 2010 e cancelar parte das de 2007 e 2008 que não tiveram as obras iniciadas. O corte será menor, R$ 5 bilhões, em vez de quase R$ 50 bilhões, mas o custo benefício de não ter dores de cabeça com a base pode compensar. A decisão ficará para depois da Páscoa.