Título: Cresce a capacidade de negociação
Autor: Lucas Callegari
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/11/2004, Panorama Setorial, p. A-6
A crise do setor hospitalar privado acelerou o movimento de modernização administrativa desde o final da década passada. Diante das dificuldades crescentes, a melhoria da gestão foi uma das estratégias para tentar contornar os problemas financeiros. Afora isto, para muitos hospitais as alternativas foram o aumento de suas dívidas ou até mesmo a queda da qualidade dos serviços privados.
A tendência é de amadurecimento dos gestores de muitos hospitais privados e de enxergar a atividade com a perspectiva de que não existe contradição entre a busca da qualidade e, ao mesmo tempo, a administração de seus recursos com profissionalismo.
Entre as estratégias modernizadoras adotadas, destacam-se a busca de aperfeiçoamento na relação com fornecedores; recurso a soluções tecnológicas que visem a redução de custos; maior suporte aos médicos; maior qualidade e agilidade nos serviços oferecidos; profissionalização da gestão; investimento agressivo na formação dos recursos humanos; e foco dos negócios em nichos de mercado.
A busca pela otimização das compras tem levado à reunião de hospitais, públicos ou privados, em grupos para facilitar as negociações, com o objetivo de conseguir melhores preços ou agilizar o contato com uma rede mais ampla de fornecedores.
Foi com o objetivo de facilitar as negociações com fornecedores de materiais e medicamentos que a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) criou o Comitê de Relações com Fornecedores (CRF), um exemplo atraente para os administradores de organizações de saúde. Além do CRF, a Anahp tem criado outros comitês que, segundo o seu vice-presidente, Francisco Balestrin, "visam garantir vantagens competitivas aos seus hospitais" para enfrentar "as causas da crise do setor".
O CRF foi implantado para que os hospitais adquiram medicamentos e, no futuro, deverá incorporar outros produtos. Entraram na lista de compra os medicamentos com maior peso, representando 80% dos gastos dos hospitais. Por meio desse comitê, os estabelecimentos têm acesso a um banco de dados com o preço da última compra e a melhor cotação do mercado para cada medicamento.
As informações são consolidadas pelo CRF a partir de dados fornecidos pelos próprios associados da Anahp, referentes às suas demandas e preços oferecidos pelos fornecedores. Munidos dessas informações, os hospitais se reúnem para definir quem negociará com os fornecedores que apresentaram as melhores propostas.
Implantado no primeiro semestre de 2002, o resultado foi positivo e, segundo Balestrin, os hospitais conseguiram redução média de 13% nos gastos com medicamentos e uma melhora na margem de comercialização de 10%. Um hospital chegou a conseguir uma redução de 57% nos preços de determinados produtos.