Título: Mercado interno vai crescer de 5% a 8% em 2005, prevê Anfavea
Autor: Sonia Moraes e Silmara Cossolino
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/11/2004, Transporte & Logística, p. A-11

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estima que as vendas no mercado interno tenham um crescimento de 5% a 8% em 2005, se não houver "mudança" no cenário atual do País. Mesmo índice de expansão é projetado pelas fabricantes de autopeças. "Apesar das dificuldades com o suprimento de algumas matérias-primas e com a estrutura logística, estimamos produção de 2,2 milhões de veículos no próximo ano", disse o gerente de marketing da Valeo, Paulo Pedroza.

A Eletromecânica Dyna, fabricante de limpadores de pára-brisa, e a Saint Gobain Sekurit, que produz vidros para veículos, projetam um crescimento de 7% para o setor. "A indústria está otimista e, com a expectativa de crescimento é possível assumir investimentos para ampliar a capacidade", disse o gerente comercial da Dyna, Celso Liberal.

A Saint Gobain, que nos últimos 10 anos já investiu US$ 100 milhões na fábrica de Mauá, no ABC paulista, vai destinar no próximo ano mais US$ 5 milhões. A quantia é para instalar uma nova linha para aumentar a capacidade, que atualmente é de 2 milhões de conjuntos de vidros (pára-brisa, traseiro e laterais) por ano. "Vamos preparar a fábrica para atender o aumento de pedido das montadoras", disse Renato Holzheim, diretor geral da empresa.

Para 2006 a expectativa da Anfavea é que as vendas internas atinjam 2 milhões de veículos. A entidade aguarda uma política industrial para chegar às suas projeções. Para 2004 a previsão é que o volume no mercado doméstico seja de 1,54 milhão de unidades.

No acumulado do ano as vendas totalizaram 1,262 milhão de unidades, crescimento de 11,7% em relação a igual período de 2003, com 1,129 milhão de veículos. Em outubro, os 136,9 mil veículos vendidos - embora sejam 2,8% menores que mesmo mês de 2003 - estão dentro da meta da Anfavea.

De todo o volume vendido nos 10 meses, os modelos flex fuel - que rodam com álcool e gasolina - garantiram 24,5% de participação, com a venda de 289.759 unidades. Em 2003 os modelos a álcool tiveram participação de 6,9%, com a venda de 84.558 unidades.

O presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb, considera de extrema importância uma política para o setor automotivo, e que não seja apenas temporária. "Nossa visão continua forte. Gostaríamos de uma política de longo prazo que desse sustentação para a indústria. Precisamos aumentar substancialmente o mercado interno, voltar aos 2 milhões de veículos o mais rápido possível", disse, destacando que o crescimento das vendas internas atrairá mais investimentos para o País e aumentará a competitividade com os mercados do Leste da Europa, Ásia e até Rússia.

Embora não esteja ainda em processo de negociação com o governo, Golfarb destacou alguns aspectos referentes a uma política para o setor, como carga tributária e financiamento, já que atualmente 70% das vendas são financiadas. O presidente da Anfavea ressaltou que medidas de longo prazo também são importantes para as autopeças, já que precisam de motivação para investir.

A produção de veículos no acumulado do ano já soma 1,82 milhão de unidades, 21% maior que o mesmo período de 2003, quando o volume foi de 1,54 milhão de unidades. Em outubro o total fabricado ficou 6% abaixo de setembro, com 191 mil unidades. Em relação a outubro de 2003, o resultado foi 13,8% maior.

Já as exportações nos 10 meses do ano totalizaram US$ 5,33 bilhões, 41,3% superior a igual período de 2003, quando os embarques renderam US$ 3,717 bilhões. Em volume as montadoras exportaram 528.157 unidades no acumulado do ano.