Título: Sem TI, setor de saúde no País desperdiça mais de R$ 8 bi
Autor: Edson Álvares da Costa
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/11/2004, Telecomunicações & Informática, p. A-12

Por falta de organização, muitos exames e procedimentos são repetidos. O sistema de saúde no Brasil desperdiça mais de R$ 8 bilhões por ano, o equivalente a 15% dos R$ 55 bilhões que os setores público e privado gastam anualmente no setor. As perdas referem-se principalmente ao trabalho realizado em duplicidade, devido à falta de organização dos sistemas de saúde.

A estimativa é de Lincoln de Assis Moura Júnior, presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), entidade que realiza, desde ontem até o dia 10, em Ribeirão Preto, o IX Congresso Brasileiro de Informática em Saúde.

Ao mesmo tempo em que falta atendimento de saúde à maioria da população, realizam-se, muitas vezes, exames e procedimentos repetidamente e sem necessidade no mesmo paciente, levando ao desperdício de recursos.

"A tecnologia da informação ajuda o setor a se organizar, a melhorar a produtividade e a qualidade do atendimento e a reduzir custos", diz Moura Júnior. A área pública, segundo ele, está melhor preparada para as mudanças do que a iniciativa privada, já que há a centralização no Sistema Único de Saúde (SUS).

"Estamos atrasados. Tecnologia, existe. O que falta é a estratégia de uso da tecnologia, que tem de ser definida pelo setor público, e treinamento de recursos humanos", diz Paulo Mazzoncini de Azevedo Marques, presidente do congresso e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP).

"É preciso priorizar o investimento em informática em saúde para que se interrompa o ciclo de perdas", diz Azevedo Marques. Segundo ele, com decisão e verba, pode-se informatizar, no médio prazo, o sistema de saúde no País. O retorno do investimento em informática em saúde é de quatro a seis anos.

Dos R$ 55 bilhões gastos por ano em saúde no País, segundo Moura Júnior, metade são recursos públicos e metade, privados. Com o dinheiro público são pagos 75% dos procedimentos no País. A outra metade destina-se a apenas 25% dos procedimentos na área privada.

Para investimento e custeio, o Ministério da Saúde aplicou R$ 23,3 bilhões em 2003 (R$ 16,68 bilhões em investimento e o resto em custeio) e, para 2004, há R$ 29 bilhões disponíveis.

O Congresso Brasileiro de Informática em Saúde, o maior evento da área na América Latina, é realizado a cada dois anos. Costuma apresentar tendências que viram moda, como os conceitos de padronização de vocabulários, uso de internet em sistemas de informação, prontuário eletrônico do paciente, uso de sistemas de apoio à decisão na prática médica e técnicas avançadas de distribuição de imagens médicas. Neste ano, o congresso também discutirá questões como o uso de software público na saúde, privacidade e confidencialidade dos dados de pacientes, certificação de softwares para a saúde e os sistemas públicos de informação em saúde.

kicker: "A TI ajuda o setor a se organizar e a melhorar a produtividade e o atendimento"