Título: Desembolsos aumentam 45% até outubro em relação ao ano passado
Autor: Samantha Lima
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/11/2004, Nacional, p. A-5

O Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) divulgou ontem o desempenho de janeiro a outubro. Os desembolsos ¿ créditos concedidos ¿ chegaram a R$ 31,8 bilhões, sendo R$ 29,8 bilhões originados do orçamento do banco e o restante de recursos do Tesouro Nacional. Ainda há cerca de R$ 17 bilhões, ou 24% dos recursos totais de 2004 ¿ para serem concedidos nos próximos dois meses. "Acreditamos que, no fim do ano, intensifique a concessão de créditos com a melhora da perspectiva econômica para 2005", disse o superintendente de planejamento do banco, Maurício Piccinini. "O aumento no número de desembolsos de 45% em relação a igual período de 2003 já demonstra uma melhora."

Os setores que apresentam mais projetos são os de siderurgia, papel e celulose, telecomunicações, petróleo e gás, energia elétrica e agronegócio. "Também há aumento nas consultas dos setores de bebidas e alimentos. Aguardamos ainda a procura de alguns segmentos em que pesquisam já indicaram estarem próximos à utilização da capacidade máxima."

O mau desempenho dos bancos de varejo na concessão de recursos do Programa de Apoio ao Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda (Progerem) levou o BNDES a prorrogar por seis meses a validade da linha de crédito no segmento que atende prioritariamente micro e pequenos empresários. Do R$ 1,3 bilhão disponível para projetos abaixo de R$ 10 milhões, os bancos concederam apenas R$ 10,3 milhões, tendo contemplado 16 projetos em todo o país. Já a parcela destinada a pedidos superiores a R$ 10 milhões, que são obtidos diretamente no BNDES, de R$ 1,2 bilhão, já tem destino certo, tendo contemplado 71 projetos.

A decisão foi do Conselho de Administração do banco, que entendeu que, mais do que a greve dos bancários, a falta de empenho dos bancos determinou o fraco resultado. Com a prorrogação, os bancos ficam obrigados a oferecerem a linha de crédito até o dia 30 de junho, e não mais 31 de dezembro de 2004, como previsto inicialmente.

Outra decisão do BNDES foi o remanejamento de cerca de R$ 500 milhões para cobrir a diferença entre o valor orçado para atender os projetos de maior vulto. Os resultados insatisfatórios dos bancos de varejo também levaram o BNDES a desprezar a proposta do setor de reduzir o período de carência para início do pagamento do empréstimo. Pelas regras do Progeren, os empresários têm um ano para começar a pagar a dívida, com capitalização de juros no período. Os bancos queriam que o pagamento dos juros ocorresse ao fim de cada trimestre do período de carência.