Título: Escalada de preço do querosene provoca queda no lucro da TAP
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/11/2004, Transportes & Serviços, p. A-11

A escalada na cotação do barril de petróleo e de seus derivados levará a TAP, empresa estatal aérea portuguesa, a registrar redução em seu lucro anual.

Segundo o presidente da empresa, o brasileiro Fernando Pinto, a alta no preço do querosene de aviação fez com que o combustível passasse a representar 15% dos gastos da companhia, o que antes não ultrapassava os 11%.

"Em 2003, tivemos lucro líquido de ¿ 20 milhões. Este ano, o lucro deve recuar para ¿ 15 milhões. Os gastos com o querosene cresceram em ¿ 63 milhões ", diz o executivo, que participou de almoço na Câmara de Comércio Americana do Rio.

O Brasil é hoje um dos destinos mais importantes para a TAP. Nos últimos três anos o número de passageiros portuguesas com destino ao Brasil cresceu 90%, puxado principalmente pelos destinos do Nordeste. No sentido contrário, o número de brasileiros com destino ao país europeu cresceu 28% no mesmo período.

"Com o 11 de setembro, tivemos que repensar nossa estratégia. Reduzimos à metade o número de vôos para os EUA e deslocamos estas aeronaves para o Nordeste brasileiro", lembra Pinto. Atualmente, a TAP mantém 38 freqüências semanais para o Brasil.

Para incrementar ainda mais o volume de passageiros entre Brasil e Portugal, a empresa está confiante na parceria que iniciou este mês com a Varig, por meio da Star Alliance, pool internacional de companhias aéreas. Para Fernando Pinto, o desempenho estimado não será afetado pela crise financeira que a Varig atravessa, já que a empresa brasileira tem se mostrado viável

"A Varig é viável e tem mostrado isso em seus números operacionais. Tenho certeza de que uma saída será encontrada. A Varig é uma empresa de extrema importância no cenário mundial", analisa Fernando Pinto, que foi presidente da Varig entre 1996 e 2000 e também da Rio Sul.

Para o executivo, o principal problema da companhia brasileira é seu endividamento e a falta de patrimônio. "A TAP deve hoje cerca de ¿ 600 milhões. A grande diferença entre a companhia portuguesa e a brasileira está na aquisição de bens: a maior parte da dívida da TAP se refere à compra de novas aeronaves. Hoje, 70% dos aviões da companhia já foram adquiridos", comenta ele.

Para Fernando Pinto, há espaço para todas as empresas existentes no mercado nacional de aviação. O mais importante, diz ele, é que cada companhia busque nichos. Já para a Europa, ele compartilha da análise de que a aviação comercial deverá ser dominada por apenas três grandes empresas. "As demais companhias atuarão em parceria com estas grandes", avalia.