Título: Combate a aftosa cresce no Pará.
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Fonte: Gazeta Mercantil, 09/11/2004, Gazeta do Brasil, p. B-14
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, deverá estar no próximo dia 26 em Santarém, no oeste do Pará, onde lançará o projeto Brasil Livre de Aftosa, através do qual o governo pretende mobilizar não apenas os pecuaristas, mas toda a sociedade no combate à doença. "O diferencial desse programa é que pela primeira vez em toda a história da vacinação contra aftosa o foco não será apenas o pecuarista, mas também será a sociedade em geral. Estaremos trabalhando junto aos sindicatos, igrejas e escolas. Vamos envolver e sensibilizar a população", disse Ismar Cardona, assessor do ministério.
O projeto vai utilizar um barco escola para percorrer inicialmente os municípios de Santarém, Monte Alegre e Oriximiná, levando várias ações de educação sanitária. Esse projeto servirá de modelo para ser aplicado em outros estados. Foi em Monte Alegre que houve o registro, em maio, de um caso de febre aftosa numa pequena fazenda isolada, o que provocou inclusive a suspensão de importação da carne brasileira pela Rússia.
Este mês a agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) está realizando mais uma campanha de vacinação do gado contra a aftosa no oeste do Pará. Segundo o diretor da Adepará, Luiz Pinto, a meta é vacinar 100% do rebanho da região, estimado em cerca de 850 mil cabeças, entre bovinos e bubalinos. Além dos três já citados, integram a região os municípios de Aveiro, Alenquer, Belterra, Prainha, Terra Santa, Faro, Óbidos, Curuá, Juruti, Almeirim, Porto de Moz e Gurupá.
Cadastramento
"Queremos encurtar a distância entre a vacina e o produtor rural. Se for preciso, nossos técnicos estarão levando as doses até as propriedades, como foi feito na Ilha de Marajó. Através da campanha, estaremos atualizando o cadastro das propriedades, o que nos dará uma visão geral do sistema produtivo da região", disse Luiz Pinto. A Adepará espera que essa ação permita passar o oeste do Pará, junto com a ilha de Marajó, onde houve vacinação em setembro, de zona de alto risco para médio risco.
Exportação
Mas o empenho maior da Adepará é obter o reconhecimento internacional como zona livre de febre aftosa com vacinação para a Zona 1, que compreende o sul e o sudeste do estado, onde está a grande parte do rebanho paraense, considerado hoje um dos maiores do Brasil. É nessa região que se encontra também um dos melhores bancos de germoplasma de gado zebuíno do país. Com esse reconhecimento, os pecuaristas locais esperam, em breve, transformar o Estado do Pará no maior exportador de carne do país.
Em janeiro a Comissão Científica da Organização Mundial para a Saúde Animal, a OIE, vai analisar a proposta brasileira de considerar livre de aftosa com vacinação, a zona 1 do Pará, o Acre e dois municípios do Amazonas. Em maio a proposta será submetida à aprovação pelo Comitê Internacional da OIE, na França. Esse reconhecimento deveria ter saído em maio deste ano mas foi adiado por um ano por causa de interpretações incorretas das novas normas da OIE. A meta é que todo o Pará esteja livre da aftosa em 2006.