Título: Acordo para votação fica a cada dia mais distante
Autor: Karla Correia
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/08/2004, Política, p. A-7

Governo e oposição estão a cada dia mais longe de um consenso no debate sobre o projeto de lei que regulamenta as Parcerias Público-Privadas (PPP). Pelo menos antes da eleição. O trabalho do Executivo e o lobby dos empresários por mais rapidez na apreciação do projeto se mostra insuficiente para dissolver o clima tenso, que travou a discussão sobre o projeto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado ontem. Ambos os lados já admitem que são remotas as chances de votação da proposta nesta semana.

A oposição reclama de continuar à parte das discussões sobre o projeto. O senador Tasso Jeireissati (PSDB-CE), principal voz na crítica ao texto aprovado na Câmara, mantém sua linha de ataque e afirma que as PPP são abrem espaço à corrupção e o desequilíbrio nas contas estaduais.

No plenário, Jereissati ainda sustentou o ataque direcionado ao tesoureiro do PT, Delúbio Soares, dizendo que as PPP "abririam espaço para a roubalheira do partido". O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), saiu em defesa de Delúbio e reiterou a disposição do governo em discutir o projeto das PPP com a oposição. "Vamos tentar construir a unanimidade em torno do projeto", disse Mercadante, reconhecendo que o governo já sofreu derrotas importantes em outras votações por não ter construído uma maioria no Senado.

Entretanto, Mercadante questiona os argumentos da oposição contra o projeto. Em sua avaliação, estados governados por partidos da oposição, como São Paulo e Minas Gerais, adotaram seus próprios modelos de PPP. O ataque da oposição só faria sentido como pretexto para travar o projeto, no raciocínio do petista. "A oposição a cada hora arruma pretextos, eu espe-ro que sejam apresentadas propostas, e não apenas os problemas. Parem de acusações irresponsáveis e apresentem propostas", disse Mercadante.