Título: Evento internacional deverá estimular comércio bilateral
Autor: Gisele Teixeira
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/11/2004, Nacional, p. A5

Até setembro, exportações caíram 9,4% sobre mesmo período de 2003. O Brasil será o tema principal da "India International Trade Fair", um dos maiores eventos de importação e exportação da Ásia, que acontece em Nova Délhi, entre os dias 14 e 27 deste mês. A Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) investiu R$ 1,2 milhão para garantir um espaço de 1,6 mil metros quadrados e a presença de 55 expositores e 250 empresas. São produtos que vão de alimentos e calçados a instrumentos musicais.

O presidente da Apex, Juan Quirós, informa que a ida dos empresários brasileiros à Índia é resultado de um trabalho de inteligência comercial, iniciado em janeiro deste ano, e dá prosseguimento à aproximação entre as duas economias, iniciada com a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país oriental, em janeiro passado. A Apex contratou a Cemex Consulting Group para mapear oportunidades de negócios na Índia e definir setores com maior poder de inserção no mercado. Calçados, móveis de madeira, cerâmica, pedras preciosas e semi-preciosas, alimentos e cosméticos são os mais promissores.

O estudo ¿ que custou US$ 22,5 mil ¿ fornece uma série de informações para os empresários, como os principais concorrentes, os clientes potenciais, o preço médio dos produtos, volume de compra esperado, barreiras tarifárias e não-tarifárias, logística de transporte e distribuição e ainda tendências dos itens no mercado indiano. "Com base nessas informações, a Apex está dando início a uma série de eventos na Índia. A meta é ter de duas a três ações com cada um dos setores até 2006", diz Quirós.

O principal objetivo é começar a diminuir o desconhecimento que os indianos têm do Brasil, e vice-versa. Embora tenham economias equivalentes, que, somadas, têm um PIB que ultrapassa US$ 1 trilhão, os dois países comercializam apenas US$ 1 bilhão entre si. O valor representa menos de 1% do comércio exterior brasileiro.

De janeiro a setembro de 2004, as exportações do Brasil para a Índia chegaram a US$ 448 milhões, uma queda de 9,4% sobre o valor registrado no mesmo período do ano passado (US$ 495 milhões). A Índia foi responsável por 0,6% do destino das vendas brasileiras neste período. Nas importações, a queda foi de 1,6%, passando de US$ 379 milhões para US$ 373 milhões nos primeiros nove meses de 2004. A participação, na importação, respondeu por 0,83% nas compras totais brasileiras. O saldo comercial ¿ superavitário para o Brasil ¿ foi US$ 40,4 milhões menor que o do mesmo período de 2003. Para o presidente da Apex, estes números refletem a falta de uma estratégia comercial e devem ser elevados a partir do momento em que o país começa a fazer um trabalho mais direcionado na Índia.

Quirós afirma que a Índia é um mercado muito peculiar, em que a falta de logística e distribuição pode ter impacto no preço ou na inserção de um produto. "Além disso, não há shopping centers na Índia. A comercialização é feita em pequenas lojas, um conceito diferente do que estão acostumados os empresários brasileiros." Ele destaca que a estratégia da Apex inclui trabalhar com produtos de alto valor agregado e marcas fortes.

"Não adianta concorrer, por exemplo, com calçados baratos. O que nós queremos é levar design." De acordo com o relatório da Cemex, a Índia possui de 85 milhões a 100 milhões de pessoas que se encaixam como potenciais consumidores de produtos brasileiros.

A pauta de exportação brasileira para a Índia, considerando os dados de janeiro/agosto-2004, foi constituída por 84,42% de bens industrializados e 15,51% de produtos básicos. No primeiro caso, destacaram-se o álcool etílico (15,28%), açúcar de cana, em bruto (13,16%) e minérios de cobre (4,8%). No grupo dos básicos, o óleo de soja (25,62%) domina a lista.