Título: Aumento da produção iraquiana provoca nova queda nas cotações
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/08/2004, Energia, p. A-8

O preço do petróleo se afastou ontem de seu recorde histórico no mercado de Nova York e fechou abaixo dos US$ 46, animado pelo relativo otimismo causado pelo aumento da produção iraquiana. Os comentários de instituições especializadas e diretores financeiros levaram também um fator de tranqüilidade aos operadores de Nova York. No entanto, os analistas advertem que a situação pode mudar a qualquer momento se chegarem novas notícias de sabotagens de instalações petrolíferas no Iraque ou qualquer outro dado que gere um medo de queda na produção mundial.

O preço dos contratos do barril tipo WTI, para entrega em outubro, fechou ontem na Bolsa de Mercadorias de Nova York em US$ 45,21, 88 centavos a menos que no fechamento de segunda. A baixa em Nova York foi paralela à registrada na Bolsa Internacional do Petróleo, em Londres, onde os contratos para outubro do petróleo Brent fecharam a US$ 42,32, queda de 71 centavos em relação ao fechamento da segunda-feira.

Entre os fatores que influíram positivamente no mercado de Nova York estão os dados sobre a produção no Iraque. Na sexta-feira, o país árabe retomou as exportações de petróleo através do oleoduto que chega ao porto de Ceyhan, na Turquia. A produção destas instalações é a metade da capacidade normal, aproximadamente 450 mil barris, mas significa uma melhora notável. O Iraque não tinha exportado petróleo por este duto desde maio. Também foram restabelecidas as exportações na cidade portuária de Basra, no sul do país, com um nível de produção calculado em 2 milhões de barri diários.

Os carregamentos foram realizados, no entanto, em um contexto de vulnerabilidade. Há três semanas teve início uma insurreição da resistência em Najaf, levando a confrontos entre a força multinacional e os seguidores do clérigo Moqtada al Sadr. O conflito se estendeu a outras regiões e já matou mais de 100 pessoas.

O diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Claude Mandil, ressaltou ontem que não há razões aparentes para que os preços do petróleo sejam mantidos nos níveis atuais. Mandil se reuniu com o secretário de Energia dos Estados Unidos, Spencer Abraham. Mandil acredita que a oferta mundial de petróleo supera a demanda e que as reservas estão sendo reconstituídas, o que afasta o risco de escassez, segundo um porta-voz da AIE.

O diretor da organização que reúne os principais países consumidores de energia, membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), manifestou satisfação pelo anúncio da Arábia Saudita de que, se necessário, poderá colocar 1,3 milhão de barris diários a mais no mercado.