Título: Exposição cambial reduz-se para 14%
Autor: Simone Cavalcanti
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/08/2004, Finanças $ Mercados, p. B-1

O estoque da dívida pública mobiliária federal interna registrou expansão de 0,13% na comparação entre junho e julho e chegou a R$ 759,20 bilhões. Do total, 15,13% são de papéis com rentabilidade prefixada, uma redução em relação ao mês anterior quando o percentual foi de 16,82%. Esse recuo, de acordo com a nota divulgada pelo Tesouro Nacional, aconteceu por causa do resgate líquido de R$ 14,1 bilhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN).

Por outro lado, houve uma emissão líquida no valor de R$ 10,2 bilhões de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), atreladas à Selic, o que elevou a participação desses papéis no total da dívida de 50,62% para 53,77%. As variações consideram as operações de swap. A exposição cambial no período chegou a 14,11% ante 15,79% apurada em junho. O chefe do Departamento do Mercado Aberto, Sérgio Goldenstein, estimou que a exposição cambial com relação ao estoque da dívida pública mobiliária federal interna deve ficar abaixo de 14% em agosto. A participação dos índices de preços subiu de 14,94% para 15,12% e a dos papéis atrelados à TR, de 1,82% para 1,86%.

Os resgates de títulos públicos superaram as emissões em R$ 7,8 bilhões em julho. O total de resgates de títulos públicos federais foi de R$ 35,2 bilhões, dos quais R$ 33,8 bilhões venceram no próprio mês e R$ 1,5 bilhão referiam-se a operações de compra ou troca.

Já as emissões, incluídas as trocas, totalizaram R$ 27,4 bilhões, dos quais 41% foram de títulos prefixados, as Letras do Tesouro Nacional (LTN), e 50% de pós-fixados, as Letras Financeiras do Tesouro (LFT).

De acordo com o coordenador da Dívida Pública no Tesouro Nacional, Paulo Valle, a oferta de títulos prefixados foi menor neste mês pela maior volatilidade do mercado em razão das cotações do petróleo e dos "ruídos" políticos com as denúncias contra o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. "Houve uma restrição de demanda e o Tesouro Nacional tem como política não forçar a aceitação destes papéis".

Além disso, afirmou Valle, como em cabeças de trimestres (janeiro, abril, julho e outubro) os vencimentos de prefixados são muito expressivos, dificilmente há grande colocação desses títulos. Mesmo assim, o Tesouro vendeu R$ 11,3 bilhões em um mês cujo vencimento foi de R$ 25,4 bilhões, resultando em um resgate líquido de R$ 14,1 bilhões. Em agosto, a oferta de LTN somará, ao ser concretizado o leilão de hoje, R$ 10 bilhões.

O prazo médio de emissão em julho recuou de 23,1 meses (em junho) para 20,5 meses. De acordo com Paulo Valle, essa redução aconteceu por causa do aumento da participação de Letras do Tesouro Nacional (LTN), títulos prefixados, com prazos menores. No caso das ofertas públicas feitas em julho, o prazo médio das emissões foi de 7,44 meses para as LTNs, de 19,80 meses para as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) e de 83,83 meses para as Notas do Tesouro Nacional séries B e C (as NTN-B e NTN-C).

A parcela de títulos públicos a vencer em 12 meses também foi menor, recuando de 42,28% para 41,9%. Valle destaca que, em termos absolutos, houve uma redução de R$ 2,5 bilhões de títulos com mais longo prazo, principalmente por causa dos vencimentos do mês e os resgates feitos pelo Tesouro, além de maiores emissões de papéis de curto prazo.

As negociações médias diárias no mercado secundário atingiram em julho seu maior volume: R$ 24,3 bilhões. O montante é recorde na comparação feita desde novembro de 1999, quando o Tesouro Nacional começou a divulgar os resultados da dívida pública mobiliária federal interna e o mercado aberto.