Título: Risco Brasil chega perto dos 500 pontos
Autor: Silvia Araújo
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/08/2004, Finanças & Mercado, p. B-2

O recuo das cotações do petróleo pelo terceiro dia consecutivo contribuiu para manter a melhora de humor dos investidores em relação aos papéis da dívida de países emergentes. O C-Bond brasileiro fechou cotado a 97% do seu valor de face, fazendo a taxa de risco-País, medido pelo J.P. Morgan, recuar para 515 pontos.

Os analistas entendem que, se o recuo do petróleo se caracterizar como tendência, entre amanhã e depois, a taxa brasileira de risco pode romper para baixo a barreira dos 500 pontos. O petróleo tipo WTI fechou em baixa de 1,73%, a US$ 45,25.

Mais uma vez, a agência de classificação de risco Standard & Poor''s acenou com a possibilidade de rever as notas atribuídas à qualidade do crédito brasileiro. Depois de a presidente da S&P no Brasil, Regina Nunes, ter levantando essa possibilidade na semana passada, hoje um relatório assinado pela analista Lisa Schineller, em Nova York, aponta para a mesma direção. O documento destaca as melhores condições dos setores externo e fiscal do País. A ressalva fica por conta da sustentabilidade de uma taxa de crescimento entre 3,5% e 4% ao ano - desempenho esperado para 2004.

A S&P reafirmou o rating B+ para o crédito soberano de longo prazo em moeda estrangeira e de BB para moeda local . O rating de curto prazo, B, também foi mantido, assim como as perspectivas positivas das duas primeiras notas.

Esperando o Copom

A fase favorável do Brasil aos olhos das agências de risco e dos bancos de investimentos alimenta a expectativa em torno de uma nova captação soberana ainda neste ano, o que fortaleceria o colchão das reservas internacionais. Essa percepção, aliada às captações privadas e ao fluxo comercial, mantém o dólar comercial abaixo dos R$ 3,00. No fechamento dos negócios de ontem, a moeda foi cotada a R$ 2,957, em baixa de 0,10%.

Na renda fixa, o espaço para oscilações continua restrito. Os analistas estão cada vez mais convencidos de que o tom da ata da reunião do Comitê de Política Mo-netária (Copom), que será divulgada na quinta-feira, será tão conservador quanto o de julho. O contrato de juro de janeiro projetou taxa de 16,47%, contra 16,45% do ajuste. A Bovespa fechou em alta de 0,08%.