Título: Dólar fecha na menor cotação desde 15 de janeiro
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/11/2004, Finanças & Mercados, p. B1
Além do recuo na moeda, o dia foi marcado por boatos de nova emissão. O País viveu ontem um dia de melhora geral - do ângulo do mercado financeiro - nos indicadores. O dólar recuou 0,35%, cotado a R$ 2,826, o menor valor desde 15 de janeiro. O C-Bond, principal título da dívida externa, fechou negociado acima de 100% do valor de face. No final dos negócios no mercado brasileiro, o risco-País recuava 0,88%, aos 448 pontos. A melhora nos indicadores reforçou os boatos de que o País estaria preparando uma nova captação externa, com o objetivo de fazer reservas para 2005.
Para financiar os compromissos do Brasil no ano que vem, a primeira captação externa foi feita em 6 de outubro. Na ocasião, foi captado US$ 1 bilhão em títulos da dívida externa com vencimento em 2019. Só em juros e amortizações, o País terá de desembolsar US$ 12,3 bilhões em 2005. Para financiar os compromissos, o Tesouro tem planos de captar um total de US$ 6 bilhões. A diferença da emissão que estaria sendo estruturada é que esta seria feita em moeda local.
"O boato que eu ouvi é de que o Tesouro Nacional estaria montando a emissão de títulos em reais, o que nunca ocorreu na história do País", diz o diretor de um banco que estrutura operações de captação. "É estranho por conta do risco cambial. Para fazer a emissão lá fora, em reais, o papel teria de ter uma cláusula de conversibilidade para proteger o investidor", explica.
O gerente de câmbio do Banco Prosper, Jorge Knauer, acredita que uma nova emissão deve ocorrer ainda este ano, mas não agora. "É provável que o Tesouro capte recursos ainda em 2004, mas não acredito que isto ocorra tão cedo, já que os indicadores podem melhorar ainda mais", diz. O Banco Central negou que esteja preparando uma nova captação.
No mercado de câmbio, a queda de 0,35% registrada ontem foi motivada, principalmente, pelo fluxo da moeda para o País. "O mercado esteve calmo e o único fator que explica o recuo é o fluxo", diz Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da corretora NGO. Outro fator que ajudou, mesmo que de forma secundária, no recuo da moeda norte-americana foi a reeleição de George Bush. "O mercado financeiro internacional demonstrou claramente alívio com o encerramento das eleições americanas e a definição do vencedor."
Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), os contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta, projetando uma elevação na taxa Selic. O DI de abril, o mais líquido, com um giro financeiro de R$ 8,7 bilhões, sinalizou juro de 17,71% frente 17,68% do ajuste anterior. O contrato de dezembro, que indica a percepção dos investidores para o juro no final de novembro, sinalizou 17%, contra 16,96%.
Já o C-Bond apresentou ontem uma valorização de 0,38%, sendo negociado a 100,250% do valor de face. É a segunda vez em menos de 30 dias que o título é vendido acima do valor de face. Em 12 de outubro, o C-Bond chegou a ser vendido a 100,375 do valor de face Jiane Carvalho