Título: Usineiros vão aplicar R$ 1,5 bilhão
Autor: Neila Baldi
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/11/2004, Agribusiness, p. B12
Perspectivas é de que até 2009 o País receba mais de 30 novas destilarias no Centro-Sul. Com o mercado mundial de álcool em expansão, produtores do Brasil estão investindo no aumento da área cultivada de cana-de-açúcar e na instalação de destilarias, principalmente no oeste de São Paulo. Estima-se que, até 2009, serão investidos R$ 1,5 bilhão na região para a aumentar em até 80% a produção, que alcançaria 67 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
Acredita-se que, até 2009, o Brasil vai receber investimentos para a instalação de até 34 destalarias, sendo 18 em São Paulo e o restante em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. As lavouras estão ocupando áreas que anteriormente eram de pecuária. A região tem atraído investimento também do Nordeste, que não tem como expandir suas lavouras.
"Estamos trocando atividades menos remuneradoras por outras mais rentáveis", afirma Luiz guilherme Zancaner, presidente da União das Destilarias do Oeste Paulista (Udop) . Segundo ele, outras regiões com tradição na cultura da cana-de-açúcar em São Paulo, como a de Piracicaba e Assis, não têm mais condições de expandir a área e o oeste paulista possui terras baratas, clima e infra-estrutura adequada para a produção de cana-de-açúcar.
Atualmente o oeste paulista tem 37 destilarias instaladas na região, que respondem pela moagem de 37 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Com os novos empreendimentos, acredita-se que a região pode aumentar em até 30 milhões de toneladas a sua safra.
Zancaner estima que a maior parte dos investimentos será voltado para a produção de álcool, pois ele avalia que o produto é mais promissor internacionalmente. "O Brasil não tem competidor em nível mundial", afirma.
O grupo alagoano Olival Tenório pretende produzir em São Paulo o que hoje moe no Nordeste. Os investimentos na região começaram há dois anos, com a implantação das lavouras e a compra de uma antiga usina desativada. Foram aplicados R$ 17 milhões na modernização da destilaria Decasa e outros R$ 22 milhões nas lavouras. Nos próximos anos, a empresa estará aportando mais R$ 25 milhões para a ampliação da safra de cana-de-açúcar. Atualmente, a Decasa está moendo 450 mil toneladas de cana-de-açúcar e, para a próxima safra, já pretende chegar a 750 mil toneladas. Em até quatro anos, a destilaria estará moendo 1,5 milhão de toneladas ou quase a totalidade do que é produzido em Alagoas (1,7 milhão de toneladas).
"Temos capacidade para produzir até 2,2 milhões de toneladas em Alagoas, mas não há mais terras disponíveis", afirma Durval Guimarães, diretor-presidente da Decasa. Além disso, ele destaca que no oeste paulista não há tanta competição com outras destilarias - a empresa mais próxima a sua está a 700 quilômetros - e a localização é estrategicamente perto de estados consumidores, como o Mato Grosso, onde há pouca oferta de álcool. "Vamos produzir o que o mundo precisa", afirma Guimarães, destacando que ele acredita que os próximos 10 anos serão promissores para o álcool. José Ricardo Severo, técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), diz que além do oeste paulista, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás tendem a receber investimentos. Segundo ele, o preço das terras e a localização estratégica para atender mercados internos com muita demanda é que têm atraído os investimentos para essas regiões. "A expectativa de exportações crescentes de álcool devem aumentar os recursos aplicados na região", afirma Severo. Para Gil Barabach, consultor da Safra & Mercado, o setor está vivendo um boom em virtude do mercado interno aquecido e da maior demanda no mercado internacional, com a mistura do álcool à gasolina. Segundo ele, somente este ano, as exportações de álcool devem totalizar 2 bilhões de litros para uma média de 700 mil litros no ano passado.