Título: Greening avança nos laranjais de São Paulo
Autor: Alexandre Inacio
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/11/2004, Agribusiness, p. B12

Em apenas três meses, a incidência do greening - doença que reduz a produtividade dos laranjais - nos pomares de São Paulo apresentou um crescimento de cinco pontos percentuais. O último levantamento do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) indica que 17% dos 259 municípios pesquisados apresenta sintomas da doença, que foi detectada oficialmente em julho deste ano.

O número de municípios em que a doença estava confirmada passou de 32 para 45, com uma forte concentração na região de Araraquara. "Não tínhamos até o momento um levantamento oficial do problema. O que existia até agora eram apenas relatos de produtores e não uma busca efetiva nas regiões produtoras", afirma Nelson Gimenes, secretário-executivo do Fundecitrus.

Queda na produtividade

Os prejuízos que a doença podem provocar sobre o parque cintrícola ainda são desconhecidos, segundo Gimenes, mas a queda na produtividade é praticamente imediata. "Em três anos, a planta pode deixar de produzir frutos, mas os prejuízos econômicos podem acontecer muito anos, já que a planta apresenta queda acentuada na produtividade", afirma.

Apesar de ainda se concentrar na região de Araraquara, a incidência da doença preocupa, já que em algumas das cidades onde a doença foi identificada são exatamente onde a citricultura mais se desenvolveu nos últimos cinco anos. Em Avaré, por exemplo, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA) houve um incremento de produção superior a 65% nos últimos cinco anos. Os produtores de laranja colheram no ano passado 5,31 milhões de caixas, ante uma produção de 3,20 milhões de 1999.

Botucatu, onde a atividade mais cresceu no Centro-Sul de São Paulo, a colheita cresceu 125%. O número de árvores em produção aumentou 122%, e o investimento em novos pés cresceu 117%. Traduzindo, a produção saltou de 2,87 milhões de caixas para 6,50 milhões; o número de pés em fase de desenvolvimento passou de 1,33 milhão para 2,90 milhões e os pés que já estavam produzindo cresceram de 1,20 milhão para 2,66 milhões.

Preocupação com doenças

Além do greening, outra doença que tem tirado o sono de produtores e pesquisadores é a morte súbita. O último levantamento do Fundecitrus indicava que a doença já havia contaminado 2,5 milhões de árvores e provocado prejuízos de US$ 40 milhões. A preocupação com as doenças não é por acaso. Sozinha, a citricultura representa 7,6% do valor da produção agropecuária de São Paulo, com R$ 2,06 bilhões.

Até o momento, a única forma de controle do greening é a erradicação dos pés contaminados pela bactéria. "Como a planta não morre, ela pára de produzir e mantém a doença alojada, servindo de pólo de contaminação", diz Gimenes.