Título: Produtores aguardam relatório da OMC
Autor: Lucia Kassai
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/08/2004, Agribusiness, p. B-12

Os produtores de algodão brasileiros aguardam para os próximos dias a publicação do relatório da Organização Mundial de Comércio (OMC) sobre o painel aberto pelo Brasil no ano passado contra os subsídios concedidos pelos Estados Unidos aos cotonicultores americanos. O diretor-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Hélio Tollini, disse estar otimista quanto ao fim dos mecanismos de proteção que levaram os Estados Unidos a tomar conta de 40% do mercado internacional de algodão.

Tollini afirmou acreditar que os Estados Unidos eliminarão os subsídios ainda antes do tempo disponível para apelação a que têm direito após a publicação do relatório, alegando a necessidade de revisão orçamentária. O país concede anualmente US$ 3,5 bilhões de subsídios aos produtores de algodão. No painel, aberto em março de 2003, o Brasil contestou seis programas de ajuda doméstica e de crédito concedidos pelo governo americano. A OMC deu parecer favorável ao Brasil, em abril passado. Se, ao contrário, os Estados Unidos resolverem apelar, a decisão só será conhecida em 2005.

Caso a OMC confirme o parecer - o mais provável, segundo prevêem os diretores da entidade -, os Estados Unidos terão um prazo para eliminar os subsídios. "No caso dos subsídios externos, é praticamente imediato esse prazo, mas internamente o processo é mais demorado, porque depende de mudanças na legislação", explicou Tollini. A partir daí, a participação americana no mercado internacional se reduzirá para algo em torno de 20%, conforme as expectativas da Abrapa. Os 20% restantes poderiam ser atendidos pelo Brasil, Austrália, Uzbesquistão e outros países cotonicultores.

Com uma previsão de exportar 450 mil toneladas de algodão este ano, o Brasil pode chegar ao posto de terceiro maior exportador da fibra, segundo a estimativa do diretor da Abrapa. A produção da última safra, a 2003/04, foi de cerca de 1,25 milhão de toneladas - 48,1% maior que a anterior.

Na década de 80, as plantações de algodão no País foram seriamente atacadas pelo bicudo, ainda hoje a principal praga da cultura. Com programas de manejo e pesados investimentos em pesquisa (desenvolvida pela Embrapa), o Brasil tem aumentado a produção e a produtividade de algodão a cada ano.