Título: Missão vai recomendar aprovação da revisão
Autor: Simone Cavalcanti e Gabriela Valente
Fonte: Gazeta Mercantil, 11/11/2004, Nacional, p. A-4

O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), Charles Collins, disse ontem que vai recomendar à diretoria do organismo a aprovação da penúltima revisão do acordo em vigor. A cúpula da instituição deverá se reunir em meados de dezembro para referendar a avaliação das contas públicas do país. Ao ser aprovada a revisão, o governo brasileiro ganha direito de sacar cerca de US$ 1,3 bilhão. No entanto, não há previsão ou intenção de que os recursos serão usados.

"A missão foi muito boa, o Brasil continua com uma excelente performance e a economia permanece muito bem", disse Collins ao deixar o Ministério da Fazenda, onde fez sua última reunião com os técnicos do Tesouro Nacional.

Ontem pela manhã o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse que, possivelmente, o governo brasileiro não deve renovar o entendimento com o FMI no ano que vem. O atual acordo termina em março e a última revisão a ser feita acontecerá em fevereiro. "O nosso compromisso fiscal não é, definitivamente, um problema com o FMI, pois com o sem acordo, o país continuará fazendo o superávit primário porque o Brasil precisa disso, não o FMI", disse.

De acordo com o ministro, esforços estão sendo feitos para que a relação entre a dívida e o Produto Interno Bruto (PIB) entre em trajetória de queda continuada. "Ou nós colocamos nossa dívida em trajetória descendente ou vamos abortar o processo de retomada de crescimento pelo qual estamos passando." Palocci fez questão de ressaltar que o país segue essa política econômica independentemente de exigência externa. Segundo ele, a falha fundamental das políticas econômicas no Brasil foi o descompromisso fiscal.