Título: Portugal pede ajuda financeira à Europa
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Fonte: Correio Braziliense, 07/04/2011, Economia, p. 20

Lisboa ¿ Depois de quase um ano resistindo, o governo de Portugal finalmente capitulou. O primeiro-ministro José Sócrates, que já renunciou e só espera uma eleição apontar seu substituto, pediu ontem ajuda financeira à União Europeia (UE) para se livrar dos sérios problemas fiscais do país. Em discurso na TV, ele afirmou que a rejeição do pacote de corte de despesas pelo Congresso agravou a situação e dificultou o acesso aos mercados, tornando a solicitação de socorro ¿inevitável¿.

¿O governo decidiu enviar à Comissão Europeia (braço executivo da UE) um pedido de ajuda financeira para garantir financiamento. É em nome do interesse nacional que digo ao povo português que precisamos adotar essa medida¿, disse. Segundo estimativas de analistas, o pacote deve chegar a US$ 200 bilhões em dinheiro dos países europeus, principalmente da Alemanha e da França, e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Ontem, um porta-voz do FMI afirmou que o organismo multilateral ainda não foi acionado pelo Tesouro português, mas que está ¿preparado¿ para participar do socorro. Antes do pronunciamento de Sócrates, o ministro da Fazenda, Fernando Teixeira dos Santos, disse ao Jornal de Negócios que o governo precisaria recorrer ao mecanismo de financiamento da UE diante das condições.

¿O país foi irresponsavelmente empurrado para uma situação muito difícil nos mercados financeiros¿, afirmou Santos, em referência à rejeição das medidas fiscais pelos parlamentares. Nos últimos dias, com a aproximação da data final para o resgate de títulos no valor de 4,2 bilhões de euros em abril e de 4,9 bilhões de euros em junho, os juros sobre os papéis bateram recordes históricos.

BC chinês está pessimista Apenas um dia após o país elevar a taxa de juros pela quarta vez desde outubro, o Banco Central chinês voltou a se esforçar para conter o dinheiro decorrente dos fluxos de capital, de títulos em vencimento do BC e de acordos de recompra de bônus. Uma fonte do BC admitiu que a China ainda tem muito dinheiro em sua economia e, portanto, a batalha para conter a inflação é um desafio. A seu ver, as perspectivas inflacionárias ¿não são otimistas¿, fazendo do controle de crédito neste ano uma tarefa difícil. A autoridade monetária chinesa realizou a reunião com o mercado para discutir a natureza das operações no ano à frente. Na terça-feira, o país asiático elevou os juros, em um movimento que se somou aos aumentos no depósito compulsório dos bancos. A taxa de depósito de um ano subiu 0,25 ponto percentual, passando a 3,25%. A de empréstimo seguiu a alta de 0,25 ponto, alcançando 6,31%.