Título: BNDES aprova crédito para a P-52
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 11/11/2004, Energia, p. A-8

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um financiamento de US$ 378 milhões destinado à construção de uma plataforma semi-submersível para produção de petróleo e gás natural, batizada de P-52. Os riscos da operação serão da Petrobras Netherlands (subsidiária da estatal brasileira na Holanda), que apresentou uma carta de fiança para tornar viável a liberação do crédito, o que deverá ocorrer ainda este ano.

Os recursos, no entanto, irão para o consórcio formado pelas empresas Fels Setal S/A (75%) e Technip Engenharia S/A (25%), que venceram a licitação da Petrobras, em setembro de 2003. As duas empresas constituíram em Cingapura a joint-venture FSTP Pte. Ltd., que em dezembro de 2003 firmou com a Petrobras Netherlands BV o contrato de construção da plataforma marítima.

"Do ponto de vista do BNDES, é uma ótima garantia", disse o gerente de Óleo e Gás da Área de Comércio Exterior do Banco, Roger Louis Egea. A Petrobras também assumirá os riscos de crédito de dois outros projetos semelhantes, atualmente em fase de análise no Banco, os de construção da P-54 e P51. "Estamos conversando com a Petrobras. Ainda não temos uma operação estruturada", disse o gerente. Definido até o momento, está apenas a carta fiança que a estatal dará para a liberação dos recursos, estimados em US$ 400 milhões para cada uma delas. A P-51 será construída pelo consórcio formado pela Fels-Setal e a P-54, pelo Mauá-Jurong.

A decisão da Petrobras, até o momento, é um caso isolado. A Transpetro, subsidiária da estatal para área de transportes, não aceitou assumir as garantias para a concessão de crédito aos estaleiros que construirão os navios encomendados pela empresa. Segundo Egea, o Banco poderá financiar parte da operação, desde que haja um acordo em torno das garantias.

O custo total da plataforma P-52 será de US$ 895 milhões, dos quais US$ 758 milhões referem-se à construção e montagem, com US$ 137 milhões reservados aos módulos de geração elétrica e compressão de gás, que serão fornecidos pela Petrobras Netherlands BV para serem incorporados à plataforma.

Os US$ 378 milhões financiados pelo Banco serão destinados à compra de bens nacionais - máquinas, equipamentos e materiais - que atinjam, no mínimo, 60% de índice de nacionalização. O topside da plataforma P-52 será construído no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, no litoral Sul do Estado do Rio de Janeiro. As instalações, que ocupam uma área de 70 mil m², pertencem às Indústrias Verolme-Ishibras S/A e foram arrendadas à Fels Setal em março de 2000, por 30 anos.

O prazo de financiamento é 13 anos, com 3 de carência e 10 de amortização a um custo de Libor (taxa interbancária de Londres) de cinco anos acrescido de um spread de 2% ao ano.

A capacidade total de produção da plataforma, prevista para começar a operar no decorrer de 2006, é de 180 mil barris/dia de petróleo e gás natural.