Título: Deputado confirma diálogo com bicheiro
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Gazeta Mercantil, 11/11/2004, Poítica, p. A-10

O cerco em torno do deputado André Luiz (PMDB-RJ), acusado de extorquir R$ 4 milhões ao advogado do bicheiro Carlinhos Cachoeira, está cada vez mais apertado. Em depoimento ontem à Comissão de Sindicância da Câmara, o deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ) confirmou que conhecia a história de extorsão na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Admitiu também que levou sua preocupação ao presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Piciani (PMDB-RJ), mesmo sem provas para comprovar a extorsão.

A relatora da Comissãoda Câmara, deputada Iriny Lopes (PT-ES), aguarda apenas o laudo da Unicamp sobre a fita da revista Veja para concluir o relatório. "Para mim, a questão central é a fita. Se for comprovada sua autenticidade, não serão necessários mais depoimentos", cravou a petista.

A Comissão ainda aguarda a defesa do deputado André Luiz (PMDB-RJ). O prazo, prorrogado a pedido do próprio parlamentar, acaba amanhã, mas até o momento o peemedebista não fez qualquer contato com a Comissão. Iriny descarta a necessidade de se pegar o depoimento do bicheiro Carlinhos Cachoeira, apesar dele ter se colocado à disposição do Congresso para qualquer esclarecimento sobre o caso. "Na minha opinião, ele gosta muito de holofote", resumiu a deputada capixaba.

No depoimento de ontem, Carlos Rodrigues disse que seu nome foi envolvido no caso como uma represália à oposição que faz ao PMDB fluminense. Segundo o deputado, as suas divergências começaram quando o seu genro e deputado federal eleito, Valdeci Paiva de Jesus (PL-RJ), foi assassinado. O suspeito do crime foi o suplente, Marcos Abraão (PSL-RJ), ligado ao grupo de André Luiz.

Rodrigues declarou ainda que soube das denúncias de extorsão por intermédio de deputados do PL fluminense - Carlos Rodrigues é presidente do diretório estadual da legenda.

O parlamentar chegou a se emocionar ao garantir que não tem nenhum envolvimento com as atividades ilícitas do ex-subchefe da Casa Civil, Waldomiro Diniz. Declarou ainda que conheceu Waldomiro quando este era assessor do então governador do Distrito Federal Cristovam Buarque e que seu único erro foi empregar a esposa de Waldomiro em seu gabinete. Depois que o caso estourou, ele foi afastado da Igreja Universal, onde congrega, e proibido de utilizar o título de Bispo, além de perder a liderança do PL na Câmara.