Título: Déficit fiscal em outubro foi de US$ 57,3 bi
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Fonte: Gazeta Mercantil, 11/11/2004, Internacional, p. A-11

O déficit orçamentário do governo federal norte-americano foi de US$ 57,3 bilhões em outubro, inferior ao de US$ 69,55 em igual período de 2004, segundo o Departamento do Tesouro. Em setembro houve superávit de US$ 24,63 bilhões - o dado foi revisado, pois o anterior era de US$ 24,36 bilhões -, o que levou a um déficit recorde de US$ 412,28 bilhões no ano fiscal de 2004, terminado naquele mês.

Nas contas do comércio exterior, o déficit dos EUA caiu em setembro para US$ 51,6 bilhões, num momento em que as importações de petróleo caíram e as exportações cresceram e alcançaram recorde. É o terceiro maior déficit da história do país. Em comparação a agosto passado, houve queda de 3,7%, segundo o Departamento de Comércio.

As importações de produtos e serviços caíram 0,8% em setembro, para US$ 149 bilhões, quantia inferior apenas aos US$ 150,2 bilhões de agosto. As importações de produtos tiveram uma pequena redução, passando para US$ 124,5 bilhões, contra a alta de US$ 125 bilhões de agosto.

Os preços dos produtos importados pelos EUA subiram 1,5% em outubro, maior alta dos últimos cinco meses, puxados pelo petróleo. Excluindo-se o petróleo, os preços caíram 0,2%, após terem se mantido inalterados em setembro, num sinal de que a concorrência está reduzindo o poder das empresas de cobrar os preços que desejam de seus consumidores.

Sobre as contas fiscais, o Departamento do Tesouro informou que as receitas somaram US$ 136,90 bilhões em outubro, um aumento de 0,7% sobre igual período de 2003, e uma queda de 34% ante o mês anterior. Os gastos somaram US$ 194,19 bilhões, uma queda de 5,4% ante 2003 e 6,3% a mais do que o mês anterior. Outubro teve dois dias a menos de expediente comercial ante o ano passado, o que contribuiu para reduzir as receitas em cerca de US$ 5 bilhões.

Em outubro de 2004, o governo pagou US$ 15,63 bilhões de juros líquidos sobre a dívida federal. Esses juros excluem os juros pagos sobre títulos do governo não negociáveis em poder de fundos federais, como a Seguridade Social.

O chairman do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Alan Greenspan, diz que o crescente déficit orçamentário pode desestabilizar a economia. A presidente do Fed, Susan Bies, diz que o Congresso gasta como se estivesse tirando o dinheiro de "um pote de biscoitos". O presidente do Fed de St. Louis, William Poole, diz que a Seguridade Social corre risco. Nos últimos dois meses, Greenspan e pelo menos sete outros membros do Fed alertaram os legisladores para as políticas fiscais e de gastos que levaram a diferenças recordes no orçamento e na conta corrente.

Como Greenspan, de 78 anos, inicia em janeiro seu último ano no comando do banco central, os comentários indicam que os membros do Fed estão preocupados que seu sucessor terá menos espaço para conduzir uma expansão econômica, se tiver de elevar as taxas de juros para fazer frente à queda do dólar ou ao aumento dos gastos. Os membros do Fed elevaram a taxa referencial em 0,25 ponto percentual ontem para 2% (mais sobre o aumento na página B-1).