Título: Índice de permanência das empresas incubadas do Brasil supera 93%
Autor: Ângelo Castelo Branco
Fonte: Gazeta Mercantil, 11/11/2004, Telecomunicações & Informática, p. A-18

O presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), José Eduardo Azevedo Fiates, fez um balanço promissor do crescimento e tendências do setor destacando que 283 incubadoras encontram-se em plena operação no Brasil, das quais 72% mantêm vínculos com as universidades. Ele afirma que finalmente a área acadêmica brasileira abriu os olhos para levar ciência e tecnologia à iniciativa privada e essa guinada vem contribuindo no sentido de agilizar os processos de desenvolvimento regionais favorecendo pequenos e médios empreendimentos.

Paulo César Alvim, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), informou que a instituição aplica R$ 18 milhões em 237 projetos, marcando presença consistente no fortalecimento das incubadoras. O representante do Finep, Carlos Ganen, disse que o Ministério da Ciência e Tecnologia trabalha em um conjunto de editais para o investimento de mais R$ 14 milhões ainda em 2004.

"Não havia articulação nem troca de informações estratégicas entre o mundo acadêmico e a iniciativa privada. Mas isso é coisa do passado, pois o atual governo vem empreendendo uma ampla articulação entre esses setores e o Brasil vem experimentando um extraordinário resultado, apresentando saltos tecnológicos em setores produtivos que jamais foram verificados em nossa história", disse Ganen. Ele acredita que finalmente está havendo conexão entre a universidade, a pesquisa e as corporações que praticam o conhecimento adquirido e geram lucros e empregos, criando um quadro econômico progressivamente favorável.

Essas discussões se desenvolvem no XIV Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, que acontece no centro de convenções do Summerville, na praia de Muro Alto, em Pernambuco, com participação de mais de 600 pessoas - a maioria de técnicos, executivos e especialistas em empreendimentos de base tecnológica.

Entre as incubadoras em implantação no Brasil, 30 estão localizadas no Sudeste, 26 no Nordeste, oito no Norte, oito no Centro-Oeste e duas no Sul. A Paraíba lidera o ranking nordestino com nove incubadoras e Minas Gerais possui o maior número de unidades do País com dez organizações em atividade. Ainda no quadro nacional, 55% das incubadoras atuam na área tecnológica, 43% são de natureza jurídica privada sem fins lucrativos, 26% fazem projetos de softwares, 50% faturam até R$ 180 mil e 92% incentivam o empreendedorismo. Entre as empresas graduadas, 35% pertencem à área de informática, 15% são de eletroeletrônicos e 6% de mecânica.

Até agora 2.114 empresas estão incubadas no País e 1.580 delas estão graduadas formando uma associação com 1.367 organizações. A média de permanência no mercado é alta: 93% estão situadas na faixa de sucesso. Os organizadores do seminário, o maior da América Latina e que conta também com a participação de uma comissão de Angola, mostraram que no Brasil há 19 parques tecnológicos no Sudeste, 12 no Sul, seis no Nordeste, um no Centro-Oeste e um no Norte.

Como uma das principais atrações do evento, a Anprotec divulgará hoje os resultados da maior pesquisa brasileira sobre o setor de incubação de empresas e parques. Realizada há 8 anos, a pesquisa revela vários dados pertinentes à evolução do movimento de incubadoras no País, tais como número de empresas e empregos gerados, áreas de atuação das incubadoras, número de parques tecnológicos no País e faturamento do setor.

As incubadoras são ambientes dotados de capacidade técnica, gerencial, administrativa e infra-estrutura para amparar o pequeno empreendedor. Elas apóiam a transformação de empresas potenciais em empresas lucrativas e de crescimento contínuo, disponibilizam espaço apropriado e condições efetivas, tais como serviços de apoio financeiro, marketing e administração, para abrigar negócios nascentes, mas com potencial de inovação.

A Anprotec lançou uma publicação destinada aos novos prefeitos brasileiros durante um workshop agendado na programação do seminário. Trata-se da "Agenda das Cidades Empreendedoras e Inovadoras", um documento concebido para despertar a atenção de lideranças comunitárias e, principalmente, dos prefeitos da importância da aplicação de mecanismos empreendedores e inovadores em seus municípios, como incubadoras de empresas, parques tecnológicos e arranjos produtivos locais (APL).

A cartilha traz uma série de dados e informações sobre a contribuição desses mecanismos para o desenvolvimento local e regional. Desenvolvida com base nos dados do Panorama Anprotec, pesquisa anual do setor de incubação de empresas brasileiro, e com informações coletadas no Sebrae, o estudo revela quantas são e onde estão situadas as experiências empreendedoras e inovadoras que estão gerando renda e emprego no país.

Por meio de uma estrutura simples, o texto expõe dados que relacionam o empreendedorismo ao desenvolvimento sustentável, tais como a quantidade de brasileiros que trabalham em micro e pequenas empresas; número e localização dos APL brasileiros; taxa de crescimento do setor de incubação de empresas; postos de trabalho gerados por incubadoras e parques; investimentos destinados aos municípios, por meio do desenvolvimento de empreendimentos inovadores; entre outros.

Para fazer com que essa publicação chegue às mãos dos prefeitos, a Associação montou uma estrutura de articulação política em todo o país, por meio da atuação das redes estaduais e regionais de incubação de empresas. Cerca de mil exemplares do documento já foram distribuídos para as 15 redes de incubadoras no Brasil.

kicker: Anprotec detecta maior aproximação entre mundo acadêmico e iniciativa privada