Título: Dólar fecha estável e juros futuros têm pequenas oscilações
Autor: Jiane Carvalho
Fonte: Gazeta Mercantil, 11/11/2004, Finanças & Mercados, p. B-1
O mercado local trabalhou ontem com o freio de mão puxado, aguardando a definição dos juros americanos pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos). O aumento de 0,25 ponto percentual nos juros - de 1,75% para 2% ao ano - só foi divulgado após o fechamento do mercado brasileiro. Com volume reduzido de negócios, o dólar comercial fechou estável, vendido a R$ 2,826. No mercado de renda fixa, os juros futuros tiveram pouca oscilação.
A decisão do Fed de aumentar os juros americanos pela quarta vez consecutiva já era esperada. No entanto, com a economia do país aquecida muitos acreditavam que o aumento nos juros pudesse ficar acima de 0,25 ponto percentual. Segundo o economista-chefe da Fator Corretora, Vladimir Caramaschi, o Fed foi menos agressivo do que muitos esperavam. Na opinião de Caramaschi, o comunicado do Fed explicando a decisão deve provocar algum recuo nas taxas de juros de médio e longo prazo dos títulos do Tesouro dos EUA. Havia o temor de que uma alta nos juros americanos cima de 0,25 pp pudesse aumentar o apetite dos investidores por papéis da dívida pública dos EUA e reduzir o interesse por papéis dos países em desenvolvimento, como o Brasil.
Como o aumento nos juros americanos foi considerado pequeno, os analistas não acreditam que hoje o mercado local refletirá a decisão do Fed. "Não acredito que haverá alguma conseqüência para o Brasil ou que o mercado de câmbio vá ser pautado por este aumento", diz Hideaki Iha, analista da corretora Souza Barros. "Os mesmos motivos que vêm ditando o ritmo do mercado de câmbio, como preço do petróleo e fluxo comercial, devem continuar com forte influência na cotação."
Ontem, no período da manhã, a moeda norte-americana chegou a operar em queda, mas interrompeu a baixa quando o preço do petróleo começou a subir. O barril tipo WTI, negociado na Bolsa de Mercadorias de Nova York, subiu 3,14%, vendido a US$ 48,86. O motivo foi a divulgação do relatório sobre a posição dos estoques americanos na última semana, que mostrou queda nos estoques de destilados e aumento nas reservas de óleo cru, mas em ritmo abaixo do esperado.
Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), as projeções de juros fecharam com pequena oscilação. Os contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI) de dezembro, que indicam a percepção para o juro no final de novembro, foi o único que indicou estabilidade, ficando em 17,07%. O DI de abril, o mais líquido com um giro financeiro de R$ 12,5 bilhões, fechou com taxa de 17,84% ante 17,82% da véspera.
No mercado externo, o C-Bond, título mais negociado do Brasil, fechou em queda de 0,13%, vendido a 99,31% do seu valor de face. Já a taxa de risco, medida pelo JP Morgan, no final dos negócios no mercado brasileiro, estava em queda de 1,30%, para 456 pontos.