Título: Fed eleva taxa básica para 2% ao ano
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Fonte: Gazeta Mercantil, 11/11/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

A quarta alta consecutiva foi mais uma vez moderada: 0,25 ponto; em dezembro pode vir outra. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevou ontem a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual pelo quarta vez neste ano e citou a melhora do mercado de trabalho, o que deve significar novos aumentos à frente. A decisão, tomada por unanimidade, já era esperada pelo mercado e levou a taxa para 2% ao ano.

Esta foi a quarta alta consecutiva dos juros (sempre de 0,25 ponto percentual cada uma) e ocorreu após a divulgação de fortes dados de emprego em outubro e de pequena alta nos pedidos de auxílio-desemprego na semana passada. A tão esperada melhora do mercado de trabalho deve manter os rendimentos em alta e estimular os gastos dos consumidores. Mas, mesmo assim, o Fed - comandado pelo presidente Alan Greenspan - tomou uma decisão considerada equilibrada, pesando os fatores de estímulo e os de contração.

"A produção parece estar crescendo a um ritmo moderado apesar da alta dos preços de energia, e as condições do mercado de trabalho melhoraram", disse o Fed ao explicar a decisão. A taxa de juro de redesconto também foi elevada em 0,25 ponto para 3%.

"O Comitê de Mercado Aberto acredita que, mesmo depois dessa ação, a política monetária continua expansionista e, juntamente com a crescente produtividade, está dando suporte à atividade econômica", acrescentou o comunicado, em uma linguagem muito parecida com a declaração da reunião anterior e que não indica que o aperto será suspenso em breve.

Também como era esperado pelos analistas, incluindo os brasileiros, o Fed disse que os riscos para crescimento e a estabilidade de precos estão relativamente equilibrados. E reiterou que o aperto monetário pode ser feito em ritmo moderado.

"Não há nada na decisão ou na declaração que me surpreenda. Eles vão prosseguir a um ritmo moderado, o que implica que eles podem elevar a taxa de juros na reunião de dezembro. Isso não é uma surpresa. A decisão e o que foi dito já estão refletidos nos preços do mercado", comentou Hugh Johnson, chefe de investimentos do First Albany Corp., em Albany, Nova York.

Apostas de curto prazo

As taxas futuras de juros de curto prazo nos Estados Unidos se recuperavam ontem, depois que o Federal Reserve encerrou sua reunião dizendo que a inflação continua sob controle. Como esperado, o FOMC, comitê de política monetária do Fed, elevou o juro em 0,25 ponto, para 2% ao ano, avisando que a acomodação da política monetária pode ser removida de forma moderada.

Isso foi o suficiente para impulsionar os preços futuros e reduzir levemente as chances de nova alta da taxa de juros. As chances de que o Fed eleve em mais 0,25 ponto a taxa na reunião de dezembro caiu de 84% para 80%.Mas a repercussão da decisão foi mais ampla. A queda dos preços dos títulos do Tesouro norte-americano foi amenizada após a divulgação da elevação da taxa básica, com poucas mudanças em relação ao anúncio.

O Fed não surpreendeu ao elevar a taxa. O banco central fez apenas pequenas alterações nas primeiras linhas dos comentários, dizendo que a produção está crescendo em ritmo moderado e as condições de trabalho estão melhorando. Alguns analistas temiam que Alan Greenspan, o presidente do Fed, fosse mais otimista. Mas, apesar de considerar a inflação controlada e de registrar os avanços na produção, Greespan tem manifestado constantemente preocupação diante do patamar a que chegaram os dois déficits dos Estados Unidos: o fiscal, que chegou ao recorde de US$ 412 bilhões (ou 3,5% do PIB) no ano fiscal de 2004, terminado em setembro; e o déficit em conta-corrente, que está em torno de US$ 640 bilhões, ou 5,5% do PIB.

O Federal Reserve não deu dicas sobre a decisão de dezembro, embora o mercado ainda veja 80% de chance de novo aumento.

O preço do título americano de 10 anos recuava 6% ontem no fim da tarde, levando o retorno de 4,22% para 4,26% por cento. Mais cedo, o retorno atingiu o maior nível em dois meses, 4,27%, após um leilão de 14 bilhões de dólares em novos papéis.